Propaganda enganosa
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Fica mais clara a cada dia a irresponsabilidade da defesa que o governo Jair Bolsonaro faz, sem nenhuma base científica, do uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.
Uma pesquisa recente —a mais abrangente feita até agora, publicada em uma das principais revistas de medicina do mundo— apontou que a hidroxicloroquina não traz nenhuma melhora para pacientes com sintomas leves ou moderados.
O estudo envolveu 665 infectados em 55 hospitais brasileiros. Além de não proporcionar benefícios, o uso do remédio causou efeitos colaterais no coração e fígado.
Os dados desmoralizam ainda mais a propaganda da droga feita pelo presidente e engolida pelo Ministério da Saúde.
Na semana passada, a pasta propôs aos estados que ajudassem a pagar a reembalagem de 3 milhões de doses de cloroquina doadas ao Brasil pelo governo dos EUA e pela empresa Novartis. O lote, que chegou em pacotes de cem comprimidos, precisaria ser dividido em caixas menores. Os governadores, obviamente, se recusaram.
Com um interino na Saúde há mais de dois meses, o Executivo faz uma gestão desastrosa da crise. Um relatório do Tribunal de Contas da União apontou que, de março a junho, a pasta gastou só 29% da verba para ações contra o surto.
Em maio, vale lembrar, o Exército torrou R$ 1,5 milhão com cloroquina —não por ordem do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mas do próprio presidente. A compra entrou no radar do TCU, sob suspeita de ter sido superfaturada.
Não bastasse o Estado ter gasto dinheiro com uma droga que não funciona, ainda pagou muito mais caro para trazê-la da Índia.
Após o terceiro teste positivo para a doença, o próprio Bolsonaro deveria mudar sua conversa sobre a cura milagrosa.