O modelo de Bolsonaro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sempre foi um modelo para o brasileiro Jair Bolsonaro —e não foi diferente na pandemia. Neste momento, o americano está com a reeleição em risco e fazendo o que dá para recuperar sua popularidade.

Na segunda (20), publicou foto usando máscara contra a Covid-19 —algo que se recusou a fazer por meses. A legenda, porém, vinha com a bobajada habitual.

“Estamos unidos em nosso esforço para derrotar o invisível vírus chinês, e muitos dizem que é patriótico usar uma máscara quando não for possível manter distanciamento social. E não há ninguém mais patriótico do que eu, seu presidente favorito!”, escreveu.

Ele também voltará a dar entrevistas coletivas diárias sobre a situação da pandemia, interrompidas há três meses. É uma tentativa de reverter sua imagem de gestor desastroso, que sabotou iniciativas estaduais e negou a gravidade da pandemia.

Os EUA são o país com maior número de casos (3,8 milhões) e mortes (140 mil) no mundo. A doença agora atinge em especial os estados ao sul que são a base eleitoral de Trump. Sua aprovação atingiu o ponto mais baixo desde 2017, e a resposta do presidente à pandemia é rejeitada por dois terços dos americanos.

Todo esse desgaste se reflete nas intenções de voto na eleição presidencial, marcada para novembro.
As pesquisas mais recentes mostram Joe Biden, adversário de Trump, com vantagem de dez pontos. Mais que isso, o democrata avança em estados decisivos.

O esgotamento de Trump é má notícia para Bolsonaro. Se o americano deixar a Casa Branca, o brasileiro perderá seu principal aliado na política internacional. E o motivo será um vexame para os dois.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante entrevista coletiva na Casa Branca, em Washington (EUA) - Jim Watson/AFP

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