Os porquês da nota de R$ 200

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Graças ao Plano Real, o Brasil vive o período de menor inflação desde a década de 1940 —mas, mesmo assim, os preços subiram bastante nesses 26 anos.

Cédula de R$ 100 - Gabriel Cabral/Folhapress

De julho de 1994 a junho de 2020, o IPCA, índice mais usado pelo governo, variou 521%. A nota mais alta do real, a de R$ 100, valia quando passou a circular mais de R$ 600 em valores de hoje.

Diante disso, não deveria causar estranheza a decisão do Banco Central de lançar uma cédula de R$ 200. Ela nasce com poder de compra menor até que o das notas de US$ 50 e € 50.

Por causa das incertezas decorrentes da Covid-19, o Brasil e o mundo passam por um momento de maior demanda por dinheiro físico. Aqui, o volume de cédulas e moedas nas mãos da população saltou de R$ 214 bilhões para R$ 270 bilhões entre março e junho.

Mas o que poderia ser uma medida normal em outros tempos acaba chamando atenção na situação atual.

O lançamento de notas remete à era da inflação descontrolada, o que não é o caso agora. Pelo contrário: 2020 fechará o período de quatro anos de preços mais comportados desde o advento do real.

Mais importante, há hoje um consenso sobre as vantagens de trocar o dinheiro em espécie por cartões ou celulares. Para além da praticidade, o pagamento digital dificulta a corrupção, a lavagem de dinheiro e outros crimes. Assim, a tendência de longo prazo é usar menos cédulas e moedas.

As autoridades, a começar pelo BC, deveriam trabalhar para que todos possam ter acesso a meios de pagamento digitais. Nesse meio-tempo, a nota cinzenta de R$ 200, ilustrada por um simpático lobo-guará, seguirá como uma curiosidade fora de época.

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