Descrição de chapéu Opinião

Mundo Olímpico: Ser comparado ao ídolo só faz mal ao jovem esportista

Campeão do ATP de Santiago, tenista Thiago Wild é o novo alvo

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O Brasil sempre foi um país carente de ídolos no esporte. Devido à falta de cultura de formação de atletas nas escolas, toda vez que aparece um acima da média já é alçado à categoria de ídolo. Pior, passa a ser comparado a outros ídolos do passado, o que se torna um fardo muitas vezes impossível de ser carregado.

Há exemplos claros disso, como Rubinho Barrichello, que foi tratado como sucessor de Ayrton Senna e, mesmo que tenha tido um bom desempenho na Fórmula 1, não tinha a mesma categoria para ser o “novo Senna”.

Thiago Wild ergue o troféu do torneio de Santiago e se torna o brasileiro mais jovem a conquistar um título da ATP, mas ainda é cedo para compará-lo a Guga Kuerten - Claudio Reyes - 1º.mar.20/AFP

A bola da vez é o tenista paranaense Thiago Wild, de 19 anos e 182º do mundo. Na semana passada, ele se tornou o brasileiro mais jovem a conquistar um torneio da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), ao bater o norueguês Casper Ruud (38º do mundo) na final de Santiago (CHI).

Com o feito, ele superou nada menos que Guga Kuerten, que conquistou sua primeira taça aos 20 anos. A diferença é que Guga venceu o Masters Series de Roland Garros, um dos quatro torneios mais difíceis do mundo, enquanto Thiago levou o ATP 250, o de nível mais baixo.

Não estou dizendo que Wild nunca chegará ao nível de Guga. Muito pelo contrário. Pelo estilo de jogo e personalidade forte do paranaense, ele tem condições até de superar o Manezinho da Ilha. Mas, para que isso aconteça, ele terá de esquecer qualquer comparação com Guga, uma vez que esses tipos de nivelamento só fazem mal aos novatos.

Campeão juvenil do US Open em 2018, aos 18 anos, Thiago tem bom desempenho em todos os pisos, com golpes potentes e um saque eficiente. Mas, segundo o técnico João Zwetsch, ainda há muito a melhorar.

Pelo que mostrou em Santiago, um dos pontos fortes de Thiago é a autoconfiança, algo primordial em qualquer esporte. Se bem trabalhada, sua técnica será aprimorada e ele poderá erguer outros troféus.

Se ele vai mesmo superar os feitos de Guga, como ser o melhor tenista do mundo, só o tempo dirá. Mas torcida não faltará para que ele se torne o ídolo Thiago Wild.
 

Claudinei Queiroz

50 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Senac e tecnólogo em Gestão do Esporte pela Universidade São Marcos. Cobriu as Olimpíadas de Atenas-2004 e os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro-2007 in loco e participou da cobertura de todas as Copas do Mundo de futebol e Olimpíadas desde o ano 2000. E-mail: claudinei.queiroz@grupofolha.com.br

Notícias relacionadas