O esporte olímpico no Brasil sempre lutou pela visibilidade. Quando uma modalidade consegue um contrato de transmissão na TV fechada, é um alento para assinar com novos patrocinadores. Quando acerta com a TV aberta, então, é uma festa, pela exposição que terá país afora.
O grande problema é que entrar na grade das emissoras abertas está cada vez mais difícil. Na Globo, então, quase impossível, só se for uma final de Mundial ou Olimpíada. E olhe lá!
Os canais dão espaço justamente ao esporte que já tem visibilidade: o futebol. Os que não têm se veem cada vez mais no ostracismo.
A questão aí é a mesma da propaganda do biscoito Tostines nos anos 1980: “Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”
No universo esportivo atual, a pergunta seria: “Futebol tem mais visibilidade porque é mais querido ou é mais querido porque tem mais visibilidade?”
A resposta pode ser: as duas coisas. Mas o mesmo aconteceria com esportes como judô, badminton, esgrima ou levantamento de peso? Certamente. Claro que não no mesmo nível do futebol, que é quase uma religião no país, mas cada um ganharia seguidores, teria mais procura e mais visibilidade para se desenvolver e formar atletas mais capacitados para conquistarem títulos internacionais.
Um exemplo do privilégio do futebol ocorreu no último domingo (9). Às 10h, a seleção feminina de basquete enfrentou a Austrália no pré-Olímpico com transmissão do SporTV 2, o canal olímpico pago da Globo.
À noite, a emissora, então, mudou sua grade da TV aberta, antecipou Faustão e Fantástico e atrasou o BBB para transmitir o duelo entre a seleção masculina sub-23 de futebol contra a Argentina, também pela vaga em Tóquio, às 22h30.
Sem tanta visibilidade, o basquete não conta mais com a força da geração de Paula e Hortência e, por isso, não disputará os Jogos no Japão. Já o futebol tentará o bi olímpico com um grupo recheado de craques. Dois mundos distintos.
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