Caneladas do Vitão: Vitória na raça

Vidas negras importam

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São Paulo

Fórmula 1 é esporte! De preto! Corrida do singular Lewis Hamilton contra a racista máquina mundial de moer, calar e escantear gente preta, pobre e periférica. Britânico que esfrega a bandeira quadriculada na cara de um mundo que nega o racismo ao mesmo tempo que só enxerga o negro no papel de borracheiro. No máximo, como braço direito do engenheiro.

Futebol é esporte! De preto. Conquista solidificada, na marra, pelos camisas negras do Vasco, em 1923. Esporte de preta. Popularizado, a duras penas, pela rainha Marta, por Formiga, por Cristiane, por Pretinha.

Ginástica é esporte! De preto. Para Angelo Assumpção, praticado na sala de casa, não mais no Pinheiros. Esporte de preta. Se tiver o talento inconteste e dourado de Daiane dos Santos.

Basquete é esporte! De preto. Do "Pelé" Michael Jordan. Homens brancos também sabem enterrar, mas homens pretos não têm o mesmo espaço que os brancos para dirigir. Esporte de preta. De Lisa Leslei, Maya Moore, de Janeth, de Iziane.

Tênis é esporte! De poucos pretos, como Tsonga e Yannick Noah. Esporte de preta. Das craques Venus e Serena Williams, da militante Naomi Osaka.

O vôlei é esporte. De preto e de preta. Se tiver o talento de Serginho, Lucarelli, Fofão, Fabiana ou de Mireya Luis, serão engolidos pelos Nuzmans e Ary Graças da vida.

O privilégio branco é que não é preciso ser um Pelé ou um Garrincha para jogar futebol. Nem ser cobrado para se posicionar como LeBron James.

Na pista, o atletismo é preto desde antes o show de Jesse Owens na Berlim nazista, em 1936. Zequinha Barbosa, Joaquim Cruz? A IAAF é presidida pelo britânico Sebastian Coe.

Quando o Judiciário, o Legislativo, o Executivo e as reitorias serão dos pretos não como exceções que confirmem a regra? De pretos que não lutem, à capitão do mato, contra a própria origem para serem aceitos? Certamente, será antes das cadeiras presidenciais da Fifa, do COB, da FIA, da Uefa, da Conmebol.

Preto tem lugar no esporte. Preta tem bem menos, mas tem também. Desde que pretos e pretas se limitem a fazer o que for determinado. Muito bem feito, sem questionamentos.

A mensagem é "ganhem quietos"! Preto querer opinar, presidir, comandar já é demais. Até quando?

*

Malcom X: "Historicamente, os brancos sempre foram assim em relação aos pretos, podemos estar com eles, mas jamais fomos considerados iguais a eles".

Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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