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Caneladas do Vitão: Racismo no país do Rei do Futebol

Mesmo onde há a presença do negro no futebol pode existir o racismo

São Paulo

Pergunte ao Criador, quem pintou esta aquarela, livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela... Alô, povão, agora é fé! A paralisação do futebol é uma oportunidade para que o esporte, que não é algo à parte da sociedade, também discuta o racismo. E, para não vomitar achismo, depois de ouvir o treinador negro Sérgio Soares, passei a bola para o craque Marcelo Carvalho, diretor-fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

"Eu não acredito na meritocracia brasileira. O futebol, como espelho da sociedade, também trouxe isso. Toda vez que apontado como racista, o futebol apontou para o Pelé, os clubes apontam para seus ídolos para falar que não existe racismo. E nós estamos falando de outra coisa: a falta de negro nos espaços de comando, dos incidentes racistas e da falta de punição a esses casos", diz Carvalho.

Roger Machado durante sua apresentação como técnico do Bahia
Roger Machado durante sua apresentação como técnico do Bahia - Felipe Oliveira - 5.abr.19/EC Bahia

Mesmo em casos onde há a presença do negro não significa, em absoluto, que não há, também, a presença do racismo.

"A gente não pode apontar para a presença de um negro em um clube para dizer que lá não há problema de racismo. A gente não pode apontar para um Vanderlei Luxemburgo, um Celso Roth, e dizer, não há problema, eles também são negros e têm mercado. A gente tem que apontar, primeiro, a quem se identifica como negro e fala sobre o racismo."

"No Brasil, o racismo tem a questão do colorismo. Algumas pessoas, mesmo com todos os traços negroides, não se identificam como negras, a gente precisa tomar esse cuidado", explica.

Cuidados tomados, Roger Machado, único técnico da Série A que se identifica como negro, é a exceção que confirma a regra. "Mas aí são dois fatores: o Roger, que tem consciência e estuda a questão, e o Bahia, que é um clube que já faz diversas ações. E o Roger, então, se sente bastante acolhido nesse ambiente para ter as posições que ele tem."

Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar".

Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitão e Marcelo Carvalho debatem o racismo no futebol nesta quarta (1º)
Vitão e Marcelo Carvalho debatem o racismo no futebol nesta quarta (1º) - Divulgação
Vitor Guedes
Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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