Brasil, meu nego, deixa eu te contar, a história que a história não conta, o avesso do mesmo lugar, na luta é que a gente se encontra"¦ "Cada brasileiro, vivo ou morto, já foi Flamengo por um instante, por um dia." Antonio Francisco da Silva, Fluminense fanático como Nelson Rodrigues, só não imaginava que as filhas Marielle e Anielle Franco seriam rubro-negras todos os dias. Até a morte.
"O nosso falecido avô começou a levar a gente novinha e falava para o meu pai que íamos ao parque. Parque porcaria nenhuma! Era para ver o Flamengo. Meu pai, tricolor doente, não entendia a nossa paixão pelo Flamengo", diverte-se Anielle, diretora do Instituto (que leva o nome da irmã, vereadora assassinada) Marielle Franco.
Nem a reprovação à aproximação do Fla com o governo que dá "e daí?" para milhares de mortos é capaz de diminuir o amor da família pelo "Mengão".
"Jamais ele [o presidente Roldolfo Landim] vai tirar isso da gente. Eu adoro ir para o Maraca", disse Anielle, relembrando a parceria com Marielle.
"A gente juntava dinheiro com sacrifício para o ingresso e íamos pela Urubuzada, núcleo da Maré. Depois que a Mari[elle] foi eleita, ficou um pouco mais complicado ela acompanhar."
Mas Marielle vive. Presente nos corações vermelhos e pretos da mana Anielle, da filha, Luyara, da afilhada Mariah e, em breve, de outra sobrinha.
"A Eloah está prevista para o mesmo dia do aniversário da Marielle, 27 de julho. Mas eu acho que vai adiantar igual a minha primeira filha. Já tenho a Mariah, de 4 anos, que é afilhada da Mari, que escolheu o nome. E para obedecer minha mãe, que colocou Marielle e Anielle, eu tô botando Mariah e Eloah para dar uma rimada porque a gente é dessa", finalizou, com o sotaque, gargalhada, simpatia e humor carioquíssimos.
"Tu fala 'vai, Corinthians', aqui a gente fala 'pra cima deles, Mengão'. Prazer, Vitor, beijos."
Dois beijos, Anielle Franco, um em cada bochecha, como "tu" e as minas cariocas gostam.
Marielle Franco: "Ser mulher negra é resistir e sobreviver o tempo todo".
Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!
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