É devagar, é devagar, devagarinho é que a gente chega lá... Alô, povão, agora é fé! Depois de o treinador Sérgio Soares falar sobre o racismo que sente na pele e de apontarmos razões histórico-culturais para o problema, Marcelo Carvalho, diretor-fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, vê um despertar ao tema em velhos craques e uma nova geração mais engajada na luta.

“O embranquecimento de negros está na nossa história. A sociedade sempre fez questão de tirar a negritude dos negros que alçaram espaços. Esse contexto histórico é importante para entender como alguns negros nunca se assumiram com tais. A sociedade nos transformou para que a gente brigasse entre nós, os negros mais claros brigam com os mais escuros”, contextualizou Marcelo, que citou Ronaldo como nome que tem mudado a postura.

“A gente está aprendendo a sair dessa armadilha. Eu vi que o Ronaldo está incentivando o pai dele a ir no colégio das filhas palestrar sobre o racismo. Parece que o Ronaldo despertou sobre a questão. E é isso, um despertar. Por mais negro que a pessoa seja, a gente vai se descobrir como negro, até para lutar contra o racismo, com o tempo.”

Marcelo exemplifica, sem apontar o dedo. Ao contrário, entende quem não se engaja. “Se todos os atletas negros de destaque se levantassem contra o racismo, a gente estaria muito mais avançado, mas é importante não cobrar posicionamento dos negros. Até porque ensinaram a eles que a meritocracia os levaram a esses espaços. Aí, quando o negro atinge o topo, dizem pra ele que não tem diferença ser preto ou branco, tanto que ele chegou. É a exceção que confirma a regra. Muito do silêncio do Pelé está dentro desse contexto.”

Mas, segundo Marcelo Carvalho, as coisas, devagarinho, estão melhorando. “A nova geração, cito Lucas Santos, Paulinho, ex-Vasco, que está na Alemanha, Igor Julião, Gregore, Jean Pyerre, têm consciência maior e chegam com mais coragem.”

Zumbi dos Palmares: “É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça racial”.

Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!