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A bola é um detalhe: Coringão passeia pela velha Régis

Sempre sujeito a "acidentes de percurso", time alvinegro virou um caminhoneiro bêbado trafegando na "rodovia da morte"

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São Paulo

“Classifico como acidente de percurso. O Corinthians esteve muito abaixo [de sua capacidade] e foi sacrificado com alguns gols que normalmente nossa equipe não vinha tomando”, afirmou o técnico Vagner Mancini, tentando explicar a derrota alvinegra por 4 a 0.

Ele não estava falando sobre o pior resultado da história do clube em torneios continentais, obtido nesta semana, contra o Peñarol. A frase é de janeiro e foi dita após uma atuação ridícula diante do arquirrival Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro.

Esta fotografia é retrato de apenas uma das derrotas por 4 a 0 sofridas pelo Corinthians neste ano - Mariana Greif - 13.mai.21/AFP

Na ocasião, o próprio Corinthians se encarregou de divulgar imagens do vestiário como opção de entretenimento. Expôs o experiente Fábio Santos revoltado com o placar e cobrando a mesma indignação dos companheiros: “Não pode perder de 4 a 0, não pode ser natural isso”.

Não pode, mas o jeito, aparentemente, é se acostumar. A equipe preta e branca levou mais quatro na última quinta, e a explicação soou familiar.

“Esta derrota eu classifico como acidente de percurso”, disse o treinador, que, em 44 partidas à frente do time, tem também no currículo um 5 a 1 para o Flamengo em Itaquera.

Com média de um grave acidente de percurso a cada 14,7 jogos sob comando de Mancini, o Corinthians virou um caminhoneiro bêbado na velha Régis Bittencourt, apelidada de “rodovia da morte”. Um desastre parece sempre iminente, e o próximo Brasileiro se apresenta como uma viagem extremamente perigosa.

Têm sido tantos os acidentes de percurso que o Corinthians parece estar sempre trafegando a velha e ameaçadora rodovia Régis Bittencourt - Jefferson Coppola - 6.abr.12/Folhapress

Fábio Santos, que já não se mostra fisicamente capaz de vestir a camisa que tanto honrou, sabe disso. Até a conclusão deste texto, o clube ainda não havia pateticamente publicado vídeos de bastidores de mais um vexame, mas é seguro afirmar que o velho lateral esteja envergonhado.

Ele estava no elenco em 2013, quando, meses depois de ser campeão do mundo, Tite levou 4 a 0 da Portuguesa e viu que não tinha mais condições de ficar. Pediu o boné e partiu pouco depois, porque era uma época em que o Corinthians não aceitava ser goleado.

Marcos Guedes

33 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e, como o homenageado deste espaço, Nelson Rodrigues, acha que há muito mais no jogo do que a bola, "um ínfimo, um ridículo detalhe". E-mail: marcos.guedes@grupofolha.com.br

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