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A bola é um detalhe: Um bom patriota

Daniel Alves o é e pede que você, são-paulino, também o seja

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São Paulo

Daniel Alves passa a impressão de que faz um enorme favor ao jogar pelo São Paulo. De certa maneira, tem razão, já que o clube não consegue pagar o dinheiro combinado no momento de sua contratação, há quase dois anos.

Essa situação alimenta os delírios de grandeza do lateral, que parece não ter dúvida sobre sua estatura superior à do Morumbi. Ele, então, sente-se à vontade, por exemplo, para batucar com a mão quebrada no pagode. Ou para atuar fora de posição, como se estivesse brincando em um rachão.

Foi com a mesma desenvoltura que o camisa 10 (!) tricolor aceitou o convite para disputar a Olimpíada. Para ele, o altamente desimportante futebol olímpico é mais valioso do que a luta do São Paulo para reconquistar a Libertadores ou o Brasileiro.

Daniel Alves topou ir a Tóquio com a alegria de quem vai ao pagode - Raul Arboleda - 7.jul.19/AFP

A escolha talvez fizesse algum sentido a um jovem buscando espaço na seleção, alguém que quisesse encorpar o currículo vestindo verde-amarelo. Não é o caso de Daniel Alves, que tem 38 anos, é regularmente chamado para o time brasileiro principal há mais de uma década e ostenta um CV extraordinário.

“Como bom patriota que sou, sempre usei a camisa da seleção”, afirmou o lateral, que se disse “lisonjeado” com o chamado e explicou que os torcedores são-paulinos devem também se sentir envaidecidos.

“Regressei ao Brasil para tentar convencer as pessoas de que é possível você chegar à seleção jogando por um clube daqui”, declarou. “A cada vez que sou convocado, estou representando o São Paulo. É o que eu sempre sonhei. Não tem como não ficar feliz”, concluiu.

O mais inacreditável é que essas declarações tenham sido divulgadas pelo próprio clube, em vídeo publicado em seus canais. A agremiação do Morumbi aplaude e assina: “Não tem como não ficar feliz”.

Portanto, torcedor tricolor, caso seu time seja eliminado da Libertadores em julho, enquanto Daniel estiver batendo uma bola em Tóquio, não fique triste. Seja um bom patriota e coloque a camisa da seleção.

Marcos Guedes

36 anos, é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e, como o homenageado deste espaço, Nelson Rodrigues, acha que há muito mais no jogo do que a bola, "um ínfimo, um ridículo detalhe". E-mail: marcos.guedes@grupofolha.com.br

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