A Caixa lançou, em julho, uma nova linha de crédito voltada aos brasileiros que possuem conta vinculada ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

A modalidade está ligada ao saque-aniversário, tipo de saque do fundo que foi criado em 2019 e que permite o resgate de um percentual, anualmente, acrescido de valor pré-determinado.

A novidade, chamada de antecipação do saque-aniversário, nada mais é do que um empréstimo àqueles trabalhadores que aderiram a esse tipo de saque.

Em vez de pagar parcelas mensais para quitar a grana emprestada, o valor é abatido do montante a que ele teria direito. Tanto pela Caixa quanto pelo Banco do Brasil, é possível ter disponibilizada a quantia correspondente a três anos.

Especialistas apontam que é preciso ponderar antes de contratar o crédito. Isso, porque o rendimento do FGTS está superior ao da poupança e de investimentos em renda fixa, calibrados pela Selic (taxa de juros).

“O saque vale a pena para quem está endividado. Hoje, há mais de 62 milhões de pessoas negativadas no Brasil”, diz Roberto Góis, da Acordo Certo, plataforma de negociação de dívidas. “Dê prioridade a débitos como o cartão de crédito, por exemplo, que tem taxas mais altas.”

Outro cenário vantajoso pode ser optar pelo empréstimo para a constituição de uma reserva de emergência.

“Para quem não tem reserva financeira, mas também não tem dívidas, é interessante, porque será um dinheiro para que, caso haja um imprevisto, o trabalhador não tenha que recorrer a outros empréstimos, mais onerosos, e nem venha a se endividar”, diz Carlos Terceiro, presidente do Mobilis, aplicativo de finanças.

Antecipação do saque-aniversário do FGTS | Entenda

• O saque-aniversário do FGTS foi lançado em 2019 pela Caixa e passou a valer em 2020

• A modalidade permite o resgate de um percentual do saldo do Fundo acrescido de uma parcela adicional, anualmente, de acordo com o mês de nascimento do trabalhador

• Para aderir, é preciso fazer o pedido até o último dia do mês de aniversário

• Exemplo: nascidos em agosto têm até dia 31 de agosto; nascidos em setembro têm até 30 de setembro; e assim por diante

Qual a novidade

• A Caixa lançou, no final de julho deste ano, uma linha de crédito para antecipar a grana do saque-aniversário

• São disponibilizados até três anos dos resgates anuais, ou seja, três parcelas

• Taxa de juros: a partir de 0,99% ao mês. A taxa, em média, é mais barata do que empréstimos de juros baixos, como o crédito consignado

• Com a linha de crédito do saque-aniversário, não há pagamento de prestações; o trabalhador contrata o empréstimo e paga a operação com o valor do saque-aniversário do seu FGTS

Quem pode aderir

• Só pode contratar o crédito o trabalhador que aderiu ao saque-aniversário dentro do prazo

Valor mínimo da contratação

• Clientes da Caixa: R$ 2.000 (soma dos três saques-aniversário que podem ser antecipados, sendo o valor mínimo, por parcela, de R$ 300)

• Clientes do Banco do Brasil: mínimo de R$ 1.000 por parcela

*É preciso ser cliente de um dos dois bancos

Como aderir ao saque-aniversário

Antes de contratar o crédito de antecipação do saque-aniversário, primeiro é preciso aderir à modalidade, via:

> Aplicativo FGTS
> Site fgts.caixa.gov.br
> Internet banking da Caixa (internetbanking.caixa.gov.br)
>Agências

Como contratar o crédito de antecipação do saque-aniversário

Pela Caixa

• Agências

• Internet banking da Caixa (internetbanking.caixa.gov.br)

*A Caixa informa que, em breve, as contratações estarão disponíveis pelo aplicativo Caixa

Pelo Banco do Brasil

• Aplicativo BB (Empréstimos > Antecipe seus créditos > CDC FGTS Saque aniversário)

• Central de Atendimento BB (0800-7294117 ou 4003-4117)

• Agências

*O banco explica que a liberação do crédito em conta-corrente ocorre após a reserva do saldo na conta do FGTS do trabalhador

Vale a pena?

Especialistas apontam que só compensa contratar a linha de crédito do saque-aniversário em duas hipóteses:

• Pagamento de dívidas (sobretudo as mais caras, como cartão de crédito e cheque especial)

• Criação de reserva de emergência (dinheiro que fica guardado para imprevistos como perda de emprego ou problemas de saúde, por exemplo)

Sacar para investir

• Não compensa

• O FGTS está rendendo 3% ao ano mais a Taxa Referencial (atualmente zerada) mais lucro (se houver); além disso, não há cobrança de Imposto de Renda

• A Selic, taxa básica de juros, está rendendo menos: 2%, novo patamar mínimo histórico

• O índice é referência nos investimentos em renda fixa, considerados conservadores (mais seguros)

Longo prazo

• Vale lembrar que o FGTS é conhecido como a poupança do trabalhador

• A ideia é que seja usado em situações como compra da casa própria, aposentadoria e doença grave

• Retirar valores do Fundo "no meio do caminho" pode comprometer planos a longo prazo caso o trabalhador não tenha outras reservas, investimentos ou fontes de renda

Saque não é integral

Lembre-se: o saque-aniversário permite o saque de apenas uma parte do saldo, mais uma parcela adicional

Veja exemplos: saque-aniversário

Saldo no FGTS	Alíquota	Parcela adicional
R$ 500	50%	--
R$ 500,01 até R$ 1.000	40%	R$ 50
R$ 1.000,01 até R$ 5.000	30%	R$ 150
R$ 5.000,01 até R$ 10 mil	20%	R$ 650
R$ 10.000,01 até 15 mil	15%	R$ 1.150
R$ 15.000,01 até 20 mil	10%	R$ 1.900
Acima de R$ 20 mil	5%	R$ 2.900

Saldo em conta	Quanto resgataria anualmente no saque-aniversário	A quanto teria direito com a contratação da linha de crédito
Trabalhador 1: R$ 1.000	(R$ 1.000 x 40%) + R$ 50 = R$ 450	Não teria direito; não atinge o mínimo da Caixa (R$ 2.000, considerando as três parcelas, com mínimo por parcela de R$ 300) e nem o do Banco do Brasil (R$ 1.000 por parcela)
Trabalhador 2: R$ 6.000	(R$ 6.000 x 20%) + R$ 650 = R$ 1.850	3 parcelas de R$ 1.850 = R$ 5.550
Trabalhador 3: R$ 20 mil	(R$ 20.000 x 10%) + R$ 1.900 = R$ 3.900	3 parcelas de R$ 3.900 = R$ 11,7 mil

Não confunda

• A antecipação do saque-aniversário é um tipo de linha de crédito (empréstimo)

• É diferente das novas modalidades de resgate do FGTS anunciadas pelo governo, em contrapartida ao tradicional saque rescisão do Fundo

Saque emergencial

• Foi lançado em abril deste ano com a Medida Provisória 946, como forma de ajuda em meio à pandemia da Covid-19

• A MP perdeu a validade em agosto, mas a Caixa anunciou que vai manter o calendário de pagamentos até o fim do prazo estabelecido, que é 14 de novembro

Como funciona

• Todo trabalhador com contas no FGTS (ativas e inativas) pode sacar NO MÁXIMO R$ 1.045, independentemente da somatória das contas

Exemplos

O trabalhador tem:
Conta 1 (R$ 700)
Conta 2 (R$ 500)
Conta 3 (R$ 1.000)

Total = R$ 2.200
Ele só receberá R$ 1.045

O trabalhador tem:
Conta 1 (R$ 200)
Conta 2 (R$ 300)
Conta 3 (R$ 400)

Total = R$ 900
Ele só receberá R$ 900

Como receber o saque emergencial

• Para trabalhadores com contas no FGTS, a Caixa cria automaticamente uma poupança digital em nome do titular

• O crédito do saque emergencial ficará disponibilizado nessa conta

• A movimentação do valor pode ser feita pelo aplicativo Caixa Tem, para pagamento de boletos e compras online, por exemplo

• Em datas posteriores, o valor ficará disponível para saque e transferência para outros bancos

• O saque pode ser feito até 31 de dezembro de 2020; se não for feito dentro desse prazo, a grana volta para a conta do FGTS do trabalhador

Canais de consulta

>Aplicativo FGTS
> Site fgts.caixa.gov.br
> Central Telefônica Caixa 111, opção 2
> Internet banking (internetbanking.caixa.gov.br)

Calendário do saque emergencial

Nascidos em	Crédito na poupança digital	Disponível para saque ou transferência
Janeiro	29 de junho	25 de julho
Fevereiro	6 de julho	8 de agosto
Março	13 de julho	22 de agosto
Abril	20 de julho	5 de setembro
Maio	27 de julho	19 de setembro
Junho	3 de agosto	3 de outubro
Julho	10 de agosto	17 de outubro
Agosto	24 de agosto	17 de outubro
Setembro	31 de agosto	31 de outubro
Outubro	8 de setembro	31 de outubro
Novembro	14 de setembro	14 de novembro
Dezembro	21 de setembro	14 de novembro

Fontes: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Carlos Terceiro (Presidente do Mobilis, aplicativo de finanças) e Roberto Góis (diretor de novos negócios da Acordo Certo, plataforma de negociação de dívidas)