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O ano de 2021 começou com uma notícia preocupante: a Petrobras reajustou em 6% o preço do botijão de gás de 13 kg para as distribuidoras nesta quinta-feira (7). Com o aumento, o valor médio do insumo deverá encostar nos R$ 80 na cidade de São Paulo.
Na capital, a média de preços divulgada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biodiesel) nesta sexta (8) é de R$ 74,94 por botijão.
"Em São Paulo, se esse reajuste for repassado por todo elo da cadeia, o aumento deve ser de no mínimo R$ 4 por botijão. Isso se os revendedores e distribuidores não aproveitarem esse aumento para também aumentarem suas margens. Com isso o preço pode ser ainda mais elevado”, diz Rodrigo Leão, coordenador do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
No Brasil, Leão espera uma alta ainda maior. “O que a gente deve observar na média nacional é de pelo menos R$ 5 no preço do botijão, mas ele pode ser mais elevado a depender do comportamento dos distribuidores e vendedores, além das especificidades estaduais”, comenta.
O Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) preferiu não fazer projeções. “O sindicato acompanha somente os preços publicados pela ANP, que em seu monitoramento mais recente apontou aumento da ordem de 5% do produto para o consumidor final nos últimos 12 meses. E reitera que o preço do GLP é livre em todos os elos da cadeia, e não há uma projeção do impacto para o consumidor final”, diz a nota enviada à reportagem.
Em São Paulo, em abril de 2020, o Procon-SP e a Sergás (Sindicato das Empresas Representantes de Gás Liquefeito de Petróleo da Capital e dos Municípios da Grande São Paulo) fecharam um acordo que limitava o valor do botijão a R$ 70. O tratado teve validade até o dia 30 de julho do mesmo ano.
O preço do gás de cozinha ficou congelado entre 2007 e 2014 e, durante o governo Michel Temer (MDB), em 2017, passou a ter reajustes trimestrais.
No governo de Jair Bolsonaro (sem partido), as variações de preço passaram, a partir de 2019, a seguir o mercado internacional do petróleo, sem uma periodicidade exata.
A política de preços da Petrobras, que acompanha o valor do produto no mercado internacional, custos de importação e a variação do câmbio, recebeu críticas de trabalhadores do setor.
“Nós vimos a Petrobras ter um lucro operacional de 30 bilhões no último trimestre, sabemos que a empresa é capaz de amortizar essas variações no petróleo. A Petrobras segue o preço do gás internacional, mas na Europa está subindo porque é inverno. Essa variável está fazendo o preço aumentar aqui no Brasil no verão, sendo que nós, pelas características e atual momento do nosso país, deveríamos estar fazendo o contrário”, diz Tadeu Porto, diretor de comunicação da FUP (Federação Única dos Petroleiros), que ainda falou sobre o impacto desse aumento para a população.
“Já temos casos concretos noticiados de pessoas que deixaram de usar o gás de cozinha para cozinhar com o carvão ou com lenha. O auxílio emergencial, inclusive, foi importante para as pessoas voltarem a consumir gás e, sem ele, o impacto pode ser muito grande, principalmente para as pessoas mais pobres que usam gás de cozinha para preparar as refeições, diferentemente de zonas mais nobres que usam o gás encanado”, destaca Porto.
O que diz a Petrobras
"Os preços de GLP praticados pela Petrobras seguem a dinâmica de commodities em economias abertas, tendo como referência o preço de paridade de importação, formado pelo valor do produto no mercado internacional, mais os custos que importadores teriam, como frete de navios, taxas portuárias e demais custos internos de transporte para cada ponto de fornecimento, também sendo influenciado pela taxa de câmbio. Esta metodologia de precificação acompanha os movimentos do mercado internacional, para cima e para baixo", informou a Petrobras.
"Conforme acompanhamento publicado em nosso site, com base em dados da ANP, na semana de 27/12/2020 a 2/1/2021, 45% do preço ao consumidor final correspondiam à parcela da Petrobras", concluiu a empresa.