Criminosos usam o Pix para dar golpes; saiba como se proteger
Segundo especialistas, quadrilhas aproveitam a facilidade da ferramenta para cometer as fraudes
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Ferramenta de pagamento em tempo real lançada em novembro do ano passado, o Pix tem sido utilizado por quadrilhas para aplicar golpes. De acordo com especialistas, os criminosos se aproveitam do desconhecimento das vítimas para efetuar as fraudes.
Segundo Fabio Assolini, analista de segurança da Kaspersky (empresa especializada em segurança digital), as fraudes bancárias pela internet já ocorriam, mas foram adaptadas para o Pix. Ele explica que a instantaneidade do Pix permite que os roubos sejam feitos de maneira mais rápida.
Assolini afirma que alguns dos golpes usam o Pix como tema. Nessa modalidade, os bandidos alertam a vítima de que a ferramenta está com um problema que precisa ser corrigido por meio de um link. Ao clicar, entretanto, a pessoa é direcionada a um site falso, onde é induzida a informar os dados bancários.
Outro golpe é a falsa central telefônica: bandidos ligam para a vítima e dizem ser funcionários do banco e oferecem ajuda para ativar a chave Pix. Em seguida, dizem que é necessário fazer transferência-teste para validar o procedimento.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que “os dados pessoais do cliente jamais são solicitados ativamente pelas instituições financeiras, tampouco funcionários de bancos ligam para clientes para fazer testes com o Pix”. A federação orienta que, na dúvida, o usuário procure o banco pelos canais oficiais.
Ainda conforme Assolini, há uma modalidade em que a vítima recebe uma mensagem dizendo ser da companhia de telefonia ou de energia elétrica, por exemplo, e comunicando o cliente sobre um desconto na fatura. O pagamento, segundo os farsantes, teria de ser feito por Pix e, obviamente, não é direcionado à prestadora de serviço.
“Esses golpes eram esperados, pois o Pix passou a ser a forma de pagamento mais popular do país. E o funcionamento do Pix em tempo real é um atrativo para o fraudador”, diz Assolini.
O advogado Afonso Morais afirma que a pessoa que é vítima de golpe deve fazer boletim de ocorrência. Ele acrescenta que, no caso de uma fraude “grosseira” (em que há claros indícios de irregularidades), o banco não pode ser responsabilizado.
Veja as estratégias | Como evitá-las
O Pix tem sido usado por criminosos para aplicar golpes pela internet
É preciso prestar atenção a todos os detalhes antes de confirmar uma transferência
Conheça as principais fraudes
1) Alerta falso
A vítima é contatada por um criminoso, que alerta sobre a suposta existência de um problema em sua conta bancária ou com o Pix cadastrado
O golpista pede à pessoa que acesse um site falso para que a tal falha seja corrigida
Ao clicar, a vítima pensa que está no site do banco e informa os dados como número da conta, CPF, senha e token
A partir daí, o criminoso faz transferências fraudulentas usando o Pix da vítima
2) QR Code falso
O criminoso envia à vítima uma fatura falsa, fingindo ser, por exemplo, de uma operadora de telefonia celular ou concessionária de energia elétrica
O documento informa que o pagamento pode ser feito por Pix. Para isso, há um QR Code que direciona a vítima ao pagamento via Pix
O código, entretanto, é falso e remete à conta bancária do criminoso, e não da empresa prestadora de serviço
3) Golpe do 'bug'
A quadrilha espalha mensagens em redes sociais avisando sobre uma suposta falha (o chamado 'bug') no Pix
Essas mensagens apresentam uma chave Pix e afirmam que quem fizer um depósito a elas irá receber o dobro do valor
Ao fazer isso, a vítima estará mandando dinheiro aos criminosos
4) Falsa central telefônica
Os fraudadores ligam para a vítima se passando por funcionários do banco e oferecem ajuda para cadastrar a chave Pix
Os golpistas dizem que é necessário que façam uma transferência-teste para ativar o sistema de pagamento
5) Pirâmides
Em grupos de WhatsApp ou outros aplicativos de mensagens, os fraudadores dizem aos participantes que quem depositar uma quantia a eles receberá um valor muito maior
Por exemplo: "Transfira R$ 1 e receba R$ 40". O retorno, obviamente, não acontece e o golpista ganha dinheiro por meio dessas pequenas transferências
6) Descontos falsos
A vítima recebe uma mensagem dizendo ser de uma empresa (como uma companhia de telefonia celular, por exemplo)
A mensagem diz que o cliente recebeu um desconto no valor da conta e que o pagamento deve ser feito por Pix
Ao pagar, o dinheiro não vai para a empresa, e sim para a quadrilha
>> Outros golpes comuns
Os criminosos também estão utilizando golpes que já existiam, mas agora se aproveitam da facilidade do Pix para efetuá-los
- Clonagem do WhatsApp
Os bandidos clonam o WhatsApp da vítima e enviam mensagens para os contatos dela alegando uma suposta emergência e pedindo dinheiro
Muitas vezes eles conseguem invadir o celular após a vítima fornecer um código. Eles podem, por exemplo, dizer que a pessoa foi selecionada para um sorteio e pedir que a vítima forneça o código enviado
Um outro golpe semelhante é feito quando os criminosos pegam a foto da vítima em uma rede social, criam um novo WhatsApp e enviam mensagens a parentes e amigos da pessoa dizendo que estão com um celular novo e que precisam de ajuda financeira
- Links falsos
Fraudadores criam sites com a aparência da página real do banco ou de outra empresa e estimulam a vítima a dar os dados bancários
Por esses links, também é possível que os bandidos instalem aplicativos que invadem o telefone ou o computador da vítima
>> Como evitar ser vítima
- Antes de confirmar a transferência pelo Pix, verifique os dados do receptor
- Fique atento a links enviados por email ou mensagem de celular. Se estiver com dúvidas, não clique e procure seu banco
- Os bancos não ligam para clientes para solicitar testes com o Pix. Se receber uma ligação desse tipo, desligue imediatamente e procure seu banco
- Se receber pedido de ajuda financeira pelo WhatsApp, ligue para a pessoa que pediu e confirme a situação
- Tenha um programa de antivírus ativo e atualizado em seu celular e no computador. Há opções gratuitas disponíveis
- Desconfie de mensagens prometendo grandes descontos ou dinheiro fácil
Fontes: Afonso Morais (advogado), Fabio Assolini, analista de segurança da Kaspersky (empresa especializada em segurança digital) e Febraban (Federação Brasileira de Bancos)