Empresas ainda sofrem com danos causados pelas chuvas
Setor industrial na Mooca e no Ipiranga ainda contabiliza os prejuízos
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A enchente recente que atingiu a capital e a Grande São Paulo, com o saldo de 14 pessoas mortas, também castigou o setor industrial. As empresas instaladas no eixo das avenidas Presidente Wilson e Henry Ford, além das ruas Cadiriri e Barão do Monte Santo, nas regiões Mooca (zona leste) e Ipiranga (zona sul), após 21 dias, ainda operam fora da capacidade, retiram lama de maquinários e contam prejuízos.
Com a inclusão das unidades fabris da Vila Carioca, no Ipiranga, cerca de 300 indústrias foram atingidas e correm o risco, segundo empresários, de demitirem parte dos funcionários ou até mesmo fecharem as portas. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e de Mogi das Cruzes estima que as empresas, juntas, englobam cerca de 15 mil trabalhadores diretos. O Grupo Lorenzetti, por exemplo, com unidades nas avenidas Presidente Wilson e Henry Ford, foi um dos mais afetados.
Com 1.100 funcionários nas três unidades da avenida Henry Ford, a Novalata Embalagens Metálicas vive a pior fase em seus 26 anos. “Nossos prejuízos são da ordem de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões”, diz o gestor da empresa, João Lo Ré Neto, 58 anos, ao lembrar a destruição milhares de latas.
Neto administra um grupo pelo WhatsApp com, pelo menos, 107 participantes empresários, criado pós-enchente. O empresariado pleiteia, junto aos órgãos públicos municipal, estadual e federal, plano de recuperação fiscal e isenção de impostos. “Do contrário, muitas dessas empresas fecharão suas portas e os empregos comprometidos”, afirma Neto.
“Hoje, opero com 40% da capacidade. Vou demorar ainda mais duas semanas para atingir os 100%”, afirma Gustavo Carneiro, 45 anos, diretor das empresas Decafer e Decape, do ramo do ferro e aço na avenida Presidente Wilson. Com 33 anos de história e 30 funcionários, as duas fábricas tiveram prejuízos em torno de R$ 200 mil.
A Sudeste Armazéns Gerais e Logística também foi bastante atingida. Os dez galpões de mil metros quadrados cada um, em área total de 10 mil metros quadrados, tiveram centenas de novelos de lã, enfeites de Natal, perfumes, estojos de maquiagem e tiaras de cabelo destruídas com a chuva.
“A gente olha ainda hoje e não sabe nem por onde começar”, afirma, desanimado, Vitalino Mafioleti, 70 anos, proprietário da empresa. Estimativa inicial do empresário é que entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões de 62 depositantes tenham se perdido em meio as águas.
“Muita coisa ainda está para inventariar, o que ainda levará em torno de 40 dias”, diz Mafioleti, que trabalha com 20% da capacidade.
E o entorno das fábricas ainda causam problemas. Conhecida por buracos e desníveis, a avenida Presidente Wilson, com cerca de 70 indústrias, ficou ainda pior com a enchente. Pedaços soltos de asfalto são encontrados no meio da via ou amontoadas nas sarjetas. No dia da chuva, eles boiaram sobre os paralelepípedos.
Para a sócia administradora da Maxitrate, Vanessa Cristina Ogurzow, 44 anos, a situação piorou. “É o maior rali urbano do mundo andar por aqui”, diz a empresária do setor metalúrgico, que também teve prejuízo financeiro. “Os prejuízos giram em torno de R$ 350 mil. A gente trabalha e tem um mês perdido do faturamento com uma chuva.”
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Bruno Covas (PSDB), afirma, em nota, que a Subprefeitura Ipiranga (zona sul) realizará uma vistoria e incluirá na programação das suas equipes o serviço de tapa-buraco na avenida Presidente Wilson.
Sobre a isenção do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), os proprietários de imóveis afetados por enchentes podem solicitar o benefício na subprefeitura do bairro em que se encontra o imóvel, segundo informou a administração municipal.
O benefício é limitado a R$ 20 mil do imposto devido e é concedido no exercício seguinte ao da ocorrência do alagamento ou enchente.
O governo do Estado, sob gestão de João Doria (PSDB), afirma, em nota, que a Sabesp abriu canal exclusivo para atendimento aos clientes afetados pelas enchentes para solicitar a revisão das contas de água.
Também diz que, por meio do Banco do Povo Paulista, concederá, até 13 de junho, linhas de microcrédito para empreendedores de pequenos negócios que tiveram prejuízos com as chuvas.
Segundo o governo, mediante análise de crédito e comprovação de endereço, poderão realizar os empréstimos somente para pessoas jurídicas de micros e pequenos negócios formais, localizadas nos bairros afetados pela enchente em São Paulo.