Santos registra 1º caso de sarampo no estado desde 2000

Segundo a prefeitura, menina de 4 anos foi contaminada sem ter saído da cidade

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São Paulo

A cidade de Santos (72 km de SP) registrou o primeiro caso autóctone de sarampo no estado de São Paulo, desde que a circulação endêmica da doença foi interrompida no ano de 2000.

Neste período, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, gestão João Doria (PSDB), ocorreram “casos esporádicos”, trazidos por estrangeiros que vivem em regiões do mundo em que o controle da doença ainda não foi atingido.

O secretário municipal de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, disse que uma menina de 4 anos foi contaminada sem ter saído da cidade e também sem ter tido contato com outra pessoa contaminada. “Confirmamos o caso dela na segunda-feira (25). Imediatamente realizamos bloqueios vacinais na escola onde a menina estuda e na região onde mora”.

Mulher aplica gota de vacina na boca de uma criança
Agente de saúde da Prefeitura de São Paulo vacina criança em posto de vacinação montado provisoriamente no conjunto habitacional Residencial Vilinha 25 de Janeiro, durante campanha de vacinação infantil contra o sarampo e poliomelite no bairro do Bom Retiro, região central da cidade - Rafael Hupsel - 25.Ago.2018/Folhapress

A criança foi afastada das aulas da rede municipal de ensino, até que fique curada do sarampo. Ferraz afirmou que cerca de 200 pessoas, entre alunos e funcionários, foram vacinados na unidade de ensino, além de cerca de 300 pessoas que moram perto da garota, no bairro Macuco.

Desde 18 de fevereiro deste ano, segundo a Saúde estadual, 21 casos de sarampo foram registrados, referentes a um surto da doença no cruzeiro Seaview, da MSC, que atracou no porto da cidade. “Quando foi confirmado o contágio no navio, iniciamos uma campanha no porto, para vacinar pessoas que embarcam no cruzeiro”, afirmou o secretário.

Até o momento, cerca de 44 mil pessoas que embarcaram no navio da MSC foram imunizadas. O governo municipal irá aplicar, neste sábado, cerca de 4.000 vacinas em passageiros que irão viajar no cruzeiro. “Será o último bloqueio de vacina neste caso”, acrescentou o secretário.

Vacinação em Santos, no mês de março; cidade registrou o primeiro caso autóctone de sarampo - Isabela Carrari/Prefeitura de Santos/Divulgação

Dos 21 casos confirmados por conta do cruzeiro, dois deles são de um morador de Santos, de 21 anos, contaminado “por importação” e uma funcionária da prefeitura, de 52 anos, que foi ao navio para atender aos casos de sarampo na ocasião.

SINTOMAS E TRATAMENTO

O professor Aluísio Segurado, titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), explicou que o sarampo é uma doença transmitida pelo ar. “Quando a pessoa está infectada, um espirro ou tosse pode transmitir o vírus”.

Ele disse que, após o contágio, demoram entre uma e duas semanas para que os primeiros sintomas da doença se manifestem. São eles: febre de até 40 graus, olhos lacrimejando, nariz escorrendo, além de tosse. “Depois deste quadro, começam a aparecer as manchas na pele”, afirmou. As manchas começam no couro cabeludo e em até três dias, descem para o rosto, pescoço, peito, atingindo todo o corpo.

O especialista falou que o tratamento contra a doença se resume em dar antitérmicos para controlar a febre e “muita hidratação”. “Em casos mais raros, pode ocorrer do paciente ter pneumonia bacteriana secundária, o que pode matar. Há também situações, mais raras ainda, em que a doença atinja o cérebro, infeccionando o sistema nervoso”, explicou o especialista.

SEM CERTIFICADO DE ERRADICAÇÃO

O Brasil vai perder o status de país livre do sarampo, após um ano sem conseguir interromper a transmissão da doença. A informação foi confirmada no último dia 19 pelo Ministério da Saúde, após o registro de um novo caso da doença no Pará.

Por conta disso, o Brasil vai perder o certificado internacional de eliminação da doença, concedido em 2016 pela Opas (Organização Pan-americana de Saúde).

SAÚDE DIZ QUE VACINOU CRIANÇAS

A Secretaria Estadual de Saúde, sob gestão de João Doria (PSDB), afirmou que o estado de São Paulo ultrapassou a meta de vacinar 95% das crianças contra o sarampo, durante campanha de imunização do ano passado.

“Foram vacinadas mais de 2,1 milhões de menores na faixa de 1 ano a menores de 5 anos, o que corresponde a 97% do público-alvo”, diz a pasta. Sobre a Baixada Santista, a pasta afirma que a cobertura na campanha foi de 99,3%.

“Em 2018, por exemplo, São Paulo registrou apenas três casos confirmados, sendo um importado da Ásia Ocidental e outros dois do estado do Amazonas.”

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