Prefeitura de SP vai tirar vigilantes de escolas, afirma sindicato

Entidade que representa vigias diz que gestão Covas pretende colocar guardas-civis nas unidades

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), rescindirá os contratos com oito empresas que fazem a segurança 24 horas em cerca de 1.700 unidades da rede municipal de ensino até o dia 31 de outubro, segundo o Seevissp (Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância, Segurança e Similares de São Paulo).

Segundo o diretor de comunicação e operacional de base da entidade sindical, Edson José dos Santos, os primeiros cortes ocorrerão entre os dias 16 e 17, quando ao menos quatro empresas não terão os contratos renovados.

Neste caso, vários vigilantes deixarão seus postos de trabalho nas unidades de ensino, entre escolas, Cemeis (Centros Municipais de Educação Infantil) e CEUs (Centros de Educação Unificados). No total, o efetivo gira em torno de 4.000.

O Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada), em nota, admite que a prefeitura manifestou a intenção de substituir os vigilantes por integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) nas escolas municipais, mas diz estar em "processo de diálogo" com a administração.

Vigilante acompanha passagem de carro no CEU Aricanduva, na zona leste de São Paulo - Jardiel Carvalho - 20.set.2019/Folhapress

O Agora teve acesso a documento, com o brasão da prefeitura, de reunião realizada com os representantes das empresas. No ofício, a administração municipal fala sobre a "possibilidade de os atuais contratos emergenciais de vigilância serem rescindidos".

O motivo, segundo o documento, é que "a Secretaria Municipal de Segurança Urbana assumiria a responsabilidade", inclusive do serviço de monitoramento eletrônico. Um termo de cooperação seria celebrado com a Secretaria Municipal de Educação.

Santos afirma que a ideia da gestão é substituir os vigilantes pelos guardas-civis. "Só que sabemos que não há efetivo suficiente da corporação. O guarda passará pelo local apenas para registro. A presença do vigilante inibe", disse o dirigente.

Guarda-civil diz que não há efetivo para a função

"Não tem milagre, a questão é matemática", diz Clóvis Roberto Pereira, presidente do SindGuardas (Sindicato dos Guardas Metropolitanos de São Paulo), referindo-se ao fato de a corporação não ter efetivo para a nova atribuição.

Hoje, são 6.134 guardas-civis metropolitanos na capital. "Já chegou para mim que a GCM retomará o serviço de policiamento escolar. O problema é aumentar o trabalho, com a mesma quantidade de pessoas. A conta não fecha", afirma.

E o dirigente vai além: "Há um planejamento sendo feito para que a GCM assuma, em um primeiro momento, entre 100 e 130 escolas", afirma, ao dizer não ser contrário. "Faz parte de nossa formação", diz.

Vigias planejam protesto

Um protesto de vigilantes está previsto para esta quinta-feira (3), às 8h, em frente à prefeitura. O sindicato da categoria aguarda resposta sobre pedido de audiência pública, protocolado dia 24.

Panfletos estão sendo distribuídos nas escolas. "Nos próximos dias, várias escolas estarão sem segurança, assim como os alunos, professores e funcionários", afirma o dirigente sindical Edson José dos Santos.

Alguns CEUs por conta do tamanho e da localização, caso do Pêra Marmelo, no Jaraguá (zona norte), chegam a ter dez vigilantes por turno, entre dia e noite. "A prefeitura vai tirar a segurança das áreas de periferia. Fora 4.000 vigilantes que perderão o emprego".

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), disse, em nota, que a Secretaria de Educação cumpre determinação do Tribunal de Contas do Município para "encerrar contratações emergenciais". No entanto, "nenhuma das 175 escolas ficará sem vigilância".

Em outro trecho da nota, a gestão afirmou que "não possui contrato emergencial para vigilância" nos CEUs (Centros Educacionais Unificados). Neste caso, o serviço é executado por empresas contratadas. "Não há qualquer mudança prevista nessa contratação."

A prefeitura disse que, pelo edital, a contratação é feita pelos postos de trabalho. E que a Divisão de Gestão de Contratos "responderá as dúvidas" do sindicato. Sobre a guarda, é quem faz a ronda escolar diária.

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