Região de Cidade Ademar tem alta de 45% em casos de roubo

Estatísticas em vários bairros da capital contrastam com a tendência de queda nos assaltos

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São Paulo

Delegacias de várias regiões da capital registraram alta nos casos de roubos de janeiro a agosto deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, indo contra a tendência de queda deste tipo de crime tanto no estado quanto na cidade de São Paulo.

Fachada do 80º DP (Vila Joaniza), na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo; distrito foi o que mais registrou aumento nos casos de roubos neste ano - Marcelo Mora/Folhapress

O 80º DP (Vila Joaniza), na Cidade Ademar, zona sul, por exemplo, apresentou a maior elevação no total de roubos no período: de 44,96%. De janeiro a agosto de 2018, o DP registrou 645 roubos, contra 935 no mesmo período deste ano.

O 56º DP (Vila Alpina), na Vila Prudente, zona leste, vem logo atrás com 36,86% de alta nos roubos. Foram 567 de janeiro a agosto de 2018, contra 776 no mesmo período deste ano.

Somando-se todas delegacias da capital, houve um recuo de 2,31% nos roubos na comparação dos períodos: em 2018 foram 92.166 contra 90.033 neste ano. 

A queda é ainda maior ao se comparar os dados de todo o estado, de 7,58%. Em 2018, foram quase 180 mil ocorrências de roubo. Já de janeiro a agosto deste ano, cerca de 166,6 mil.

Para efeitos de estatísticas, os roubos de carros, a banco e de carga são registrados à parte. Assim, os roubos mais comuns costumam ser os de residências e de comércios, além dos de pertences pessoais, como relógios, joias e celulares.

Em pouco mais de uma hora, ao menos três vítimas registraram o roubo de seus celulares, além de dinheiro e outros pertences, no DP da Vila Joaniza, no início da tarde de sexta-feira (4).

Acompanhada da mãe, a adolescente Gabriela, 16 anos, estava inconformada por ter tido o seu presente antecipado roubado antes mesmo de seu aniversário neste domingo (6). 

“Estava em um ponto de ônibus na avenida Cupecê e dois caras em uma moto pararam e gritaram comigo pedindo o celular. Não sei se estavam armados, mas entreguei mesmo assim. Em seguida, foram embora. Era meu presente de aniversário. Estou muito triste”, contou.

O servente de pedreiro Odinei Pereira, 26 anos, perdeu o aparelho da mesma forma. “A gente anda ligado o tempo todo, olhando para todos os lados. Um vacilo e quando você percebe os caras já encostam e te levam tudo”, disse.

 
Roubos registrados em São Paulo - Arte/Agora São Paulo
Furtos registrados em São Paulo - Arte/Agora São Paulo

Furtos crescem

Os casos de furtos também dispararam em algumas delegacias da capital, como no 65º DP, de Artur Alvim (zona leste), com alta de quase 90% neste tipo de crime, no comparativo do acumulado nos primeiros oito meses entre 2018 e 2019. Foram 934 furtos registrados no período no ano passado contra 1.767 de 2019.

No 67º DP, no Jardim Robru, também na zona leste, a elevação foi de 68,58% —de 401 casos registrados de furtos em 2018 para 676 no mesmo período deste ano.

Na somatória das delegacias da capital, o aumento foi de 14,78% —de 135.461 casos para 155.490 na comparação do acumulado entre janeiro a agosto de um ano para outro.

Delegados e investigadores ouvidos pela reportagem, no entanto, consideram que os dados têm sido “inflados” por falhas da ferramenta que possibilita às vítimas fazer o boletim de ocorrência 
pela internet.

Como exemplo, citaram que muitos furtos nas estações e composições da linha 3-vermelha do metrô e que, posteriormente, quando registrados pelas vítimas por meio do boletim de ocorrência eletrônico, foram designados como da jurisdição de distritos policiais próximos de estações, como a de Artur Alvim.

O mesmo problema ocorreria em relação a alguns endereços, como extensas avenidas, devido à imprecisão da ferramenta online. Quando o BO é feito presencialmente na delegacia, o sistema apresentaria resultado distinto da ferramenta digital, alegam.

A Secretaria de Segurança Pública nega a falha. “No mês de agosto, 70,4% dos registros de furtos foram realizados por meio da delegacia eletrônica, que tem auxiliado na redução da subnotificação do crime”, diz nota da secretaria. 

“No período, as ações de forças policiais resultaram na prisão de 550 criminosos por furto só na cidade de São Paulo”, afirma.

“Não é correto fazer um ranking entre os bairros apenas pela utilização de indicadores criminais, sem levar em consideração características geográficas, sazonais e sociais, por exemplo”, diz a nota.

Resposta

Em nota, a A SSP (Secretaria de Segurança Pública, gestão João Doria (PSDB), afirma que de janeiro a agosto de 2019, em comparação ao mesmo período do ano passado, 598 pessoas foram presas ou apreendidas nas regiões do 56º DP (Vila Alpina) e do 80º DP (Vila Joaniza). 

Ao todo, 26 armas de fogo acabaram retiradas das ruas, segundo a pasta. “A Polícia Militar realiza atividades ostensivas”, diz.

“Paralelamente ao aumento no patrulhamento ostensivo e preventivo, a Polícia Civil, com base em dados de inteligência policial, tem realizado operações específicas para combater os crimes contra o patrimônio, em especial o roubo e furto de celulares”, afirma. “Somente nos primeiros oito meses deste ano, a

Operação Mobile possibilitou a apreensão de 14.401 celulares, a prisão de 420 suspeitos e a vistoria de 2.150 estabelecimentos na capital”, diz a pasta. 

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