Mercados colocam restrições para a compra de alimentos em SP
Algumas unidades já estão com as prateleiras vazias; produtos de limpeza também estão em falta
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Os mercados da capital paulista já estão com algumas prateleiras vazias, limite de compra de produtos básicos e falta de álcool em gel. O Agora percorreu, nesta sexta-feira (20), seis supermercados da capital paulista nas zonas leste, oeste, norte e centro.
Na zona oeste, o médico aposentado William Assad Júnior, 68 anos, afirmou ter tido dificuldade para encontrar produtos de limpeza, como água sanitária. “Estou observando que ainda há todos os produtos, como detergente, sabão, sabonete, mas só das marcas mais caras. As mais em conta, o povo levou tudo.”
Ele encontrou o último galão de água sanitária da loja após quase 30 minutos de buscas. O médico afirmou ter ido ao mercado para suprir o estoque de sua casa, onde pretende permanecer “até que tudo isso acabe.”
Na zona norte, a reportagem esteve em três mercados. Em um deles, na Freguesia do Ó, a comerciante Maria Emília Durazzo, 63, afirmou que teve dificuldades para encontrar a marca de arroz que costuma consumir, além de não encontrar atum em lata, o que foi constatado pela reportagem. “Fui em outro mercado, antes deste. Não achei nele nada do que como. Neste aqui ainda tem alguma coisa.”
Muitos idosos, com máscaras, circulavam pelos corredores com carrinhos, comprando itens básicos de alimentação e higiene. Com exceção do mercado da região central, todas as demais unidades visitadas disponibilizavam álcool em gel na entrada e dentro das lojas.
Com o estacionamento cheio e carrinhos entrando e saindo a todo momento, um supermercado da zona leste está limitando a compra de produtos como água mineral, arroz, feijão, leite, açúcar, óleo e café. Na entrada, há um cartaz de conscientização sobre o novo coronavírus.
“Ela que gosta de escolher”, conta a operadora de caixa Jacqueline Silva Vieira, 43, sobre a mãe. Nesta sexta-feira, ela foi ao supermercado para encontrar a aposentada Maria Domingues, 73, e comprar o essencial.
Para Jacqueline, “não há necessidade de comprar muito de uma vez, as pessoas que estão apavoradas”.
A aposentada Silvia Cristina Rocha, 55, comenta que falta álcool em gel no supermercado e farmácias em que foi. Silvia afirma que até hoje, estava seguindo sua rotina normalmente, mas a partir de agora vai se “resguardar em casa”.
Os clientes comentam que os preços dos produtos aumentaram. A cozinheira Geiza da Silva, 32, não pretende voltar ao mercado tão cedo. Ela entrou de férias nesta sexta-feira e resolveu fazer a compra do mês. “Agora vou ficar em casa”, diz.
Todos os mercados em que o Agora esteve estão limitando as compras de produtos básicos como arroz, feijão e leite.
Família vai ao mercado com suspeita de coronavírus
Um jovem fazia compras, nesta sexta-feira (20), acompanhado pela mãe e pela namorada, em um supermercado na Freguesia do Ó (zona norte da capital paulista). Todos eles usavam máscaras de proteção.
O jovem afirmou que há 14 dias ele e a mãe estão “com sintomas de gripe”. “Há dias em que estamos bem, em outros dias nem conseguimos sair da cama. Nós fomos em hospitais, mas sempre nos liberam. Eu tenho quase certeza que estamos com o coronavírus, mas creio que o sistema de saúde só atende quem está morrendo”, desabafou o rapaz.
A mãe afirma que resolveram ir ao mercado para fazer a compra mensal, tempo em que pretendem ficar em casa de quarentena, por conta da pandemia de coronavírus. “Por causa do momento atual e como estamos com sintomas, vamos nos isolar.”
Fornecimento de alimentos está garantido
O vice-presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), João Galassi, afirma que, por causa do novo coronavírus, o panorama do segmento “é muito difícil, parece um cenário de guerra”.
No entanto, segundo ele, o abastecimento de produtos em supermercados em São Paulo e no Brasil está sendo “extraordinário. Temos ciência da importância disso”, complementa.
Ele reconhece que o setor fica apreensivo. “A população está estocando produtos em casa, pois ninguém tem horizonte de até quando isso [pandemia] vai durar.” Galassi garante que a cadeia de abastecimento de produtos essenciais, por ora, “está garantida”.