Comerciantes barram clientes sem máscara na zona sul de SP
Barbeiro foi obrigado a comprar o item de proteção para conseguir entrar em uma loja
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Comerciantes da zona sul da capital paulista barraram clientes que tentaram entrar nos estabelecimentos sem máscaras, como determina decreto estadual que entrou em vigor nesta quinta-feira (7), exigindo o uso do item de proteção em todo o estado. A medida foi tomada para combater a disseminação do novo coronavírus.
Nenhum fiscal da prefeitura foi visto pela reportagem durante toda a manhã na região.
Por volta das 9h30, o barbeiro Ayrton Pinho, 24 anos, foi barrado em uma loja de produtos de higiene pessoal, na avenida Senador Teotônio Vilela, em Cidade Dutra, por estar sem máscara. Ele afirmou ao Agora desconhecer o decreto que obriga o uso do item de proteção. "Particularmente, acredito que não deveria ser obrigatório o uso da máscara. Eu assumo o risco [de contaminação]", disse.
Ele pretendia comprar luvas e, para conseguir entrar no comércio, teve que comprar máscaras lá mesmo. Pagou R$ 7,50 por um pacote com três unidades.
Akira Yamakawa, gerente da loja que barrou o barbeiro, afirmou que "a tolerância é zero" para quem tentar entrar no comércio sem a máscara. Além da saúde de seus clientes, ele também disse pensar sobre a multa para quem descumprir o decreto, que vai de de R$ 276,10 a R$ 276.100 . "Antes da obrigatoriedade do uso da máscara, a gente já orientava os clientes sobre a importância do equipamento de proteção, tanto que 80% das pessoas já entravam na loja com máscaras", acrescentou.
A reportagem ainda apurou que o acesso de clientes é controlado para evitar aglomeração e, antes de eles entrarem no local, precisam higienizar as mãos com álcool em gel, disponibilizado pelo comércio.
Na rua padre José Garzotti, um mercadinho ostenta na entrada uma placa informando sobre a obrigatoriedade de se usar máscaras. Claidinei José da Silva, responsável pelo local há cerca de dois anos, precisou barrar um cliente sem máscara, na manhã desta quinta, que queria comprar pão. "Mas para não perder a venda, pedi para ele esperar na calçada e levamos o pedido até ele", disse o comerciante.
Na mesma rua, um açougue também tinha uma placa informando sobre a obrigatoriedade de se usar máscaras para entrar no local, que igualmente disponibiliza álcool 70º para higienizar as mãos dos clientes. "Controlamos a entrada das pessoas há mais de um mês, para evitar aglomerações. Mas a partir de hoje [terça] ninguém entra sem máscara", afirmou o gerente Ilson Nascimento da Silva, 59.
Em uma grande rede de supermercados, na avenida Senador Teotônio Vilela, a reportagem apurou que dois clientes sem máscara tiveram o acesso proibido na loja, entre as 9h e 11h20. O local oferece álcool aos clientes.
Professora dá mau exemplo
Duas filas se formaram em frente a uma lotérica, por volta das 10h20, no bairro Cidade Dutra (zona sul). Com a exceção de uma professora de 46 anos, que pediu para não ter o nome publicado, todas as pessoas usavam máscara de proteção.
Primeiro, a educadora argumentou que estava sem máscara, pois iria pagar uma conta rapidamente. Depois, afirmou ter esquecido de pegar o item de proteção, pois "saiu de casa com pressa". Ela acrescentou desconhecer o decreto estadual, que obriga o uso de máscaras.
Apesar disso, ela teve a entrada liberada por um segurança, usando máscara, que controlava o acesso das pessoas no local, que fica na rua Icanhema. A professora pagou a sua conta e saiu do local sem nenhum tipo de impedimento, ou orientação, por parte do estabelecimento.
Usando o item de proteção, o aposentado José da Luz Baptista, 67, afirmou se sentir exposto à Covid-19 após testemunhar a entrada da professora na lotérica, sem máscara. "Que que adianta fazer a gente pegar essa fila toda aqui fora, para controlar entrada, e deixar uma pessoa sem proteção ficar lá dentro?", indagou.
A lotérica que permitiu a entrada da professora sem máscara foi procurada pela reportagem, mas não comentou sobre o assunto.
Questionada sobre a ausência de fiscais na região, além de eventuais punições aplicadas contra comércios, a Prefeitura de São Paulo informou em nota que a Secretaria Municipal das Subprefeituras regulamentará nos próximos dias os procedimentos necessários para a fiscalização do decreto.
"Até que seja regulamentada, a ação dos fiscais da pasta será a de orientar os estabelecimentos sobre as medidas que devem ser adotadas", finalizou a nota.
Zona norte
Apesar de a maioria das pessoas que estavam nas ruas do bairro Tucuruvi (zona norte) usarem máscaras na manhã desta quinta, José Heleno, que não informou a idade, entrou em uma padaria da região sem o item de proteção no rosto.
O estabelecimento, que fica na avenida Coronel Sezefredo Fagundes, mantém uma placa informando sobre a proibição de entrar no local sem usar o item. Porém, Heleno acessou o local sem nenhum impedimento. “Estou com minha máscara no bolso e sou a favor do decreto que obriga o uso da proteção”, afirmou, ao mesmo tempo em que descumpria a determinação do governo estadual.
No local, a reportagem ainda viu pessoas consumindo café no balcão, o que está proibido desde março, quando o governo decretou quarentena.
Por telefone, no período da tarde, a gerência da padaria afirmou que os descumprimentos ocorreram de manhã, quando o local estaria sob a supervisão de outro responsável. “Agora de tarde, ninguém entrou sem máscara aqui e nem vai entrar”, afirmou um dos gerentes, que se identificou somente como Marcelo. Ela afirmou que iria repassar aos seus superiores os descumprimentos verificados pelo Agora.
Proteja-se
Como usar:
- Antes de colocar, lave as mãos com água e sabão ou as higienize com álcool em gel 70%
- Prenda-a com firmeza para que não haja espaços entre a máscara e o rosto
- Certifique-se de que ela cubra totalmente a boca e o nariz
- Durante o uso, não toque na frente da máscara, pois pode estar contaminada
- Troque a máscara a cada duas horas ou quando ela estiver molhada
- Se estiver na rua e precisar trocar, guarde a máscara separadamente em uma sacola
Como retirar:
- Tire os elásticos por trás das orelhas ou desamarre as tiras atrás da cabeça
- Não encoste na parte da frente da máscara: há risco de contaminação
- Remova a máscara
- Se a máscara for descartável, jogue-a no lixo; se for de pano, siga os procedimentos de higienização - Caso tenha tocado por acidente a parte frontal da máscara, lave as mãos com água e sabão ou desinfete-as com álcool em gel 70%
O que não fazer:
- Nunca reutilize máscaras descartáveis
- Não compartilhe máscaras
- Não deixe espaços entre o rosto e a máscara
- Não deixe a máscara sobre o queixo
Como a máscara de pano deve ser:
- Precisa ter pelo menos duas camadas de pano
- São necessários elásticos para prender nas orelhas ou atrás da cabeça
- A máscara é de uso individual e não pode ser dividida com ninguém
Outros cuidados:
- Mesmo de máscara, mantenha distância mínima de 1 metro das outras pessoas
- Antes de colocar a máscara, assegure-se que a mesma está limpa e sem rupturas
- Evite o uso de batom, maquiagem ou base facial durante o uso da máscara
Como higienizar a máscara de pano:
- As máscaras devem ser lavadas separadamente de outras roupas
- Lavar previamente com água corrente e sabão neutro
- Deixe as máscaras de molho em uma solução de água com água sanitária (dilua duas colheres de sopa de água sanitária em um litro de água) ou outro desinfetante equivalente por 20 a 30 minutos
- Enxágue com água corrente para remover resíduos de desinfetantes
- Evite torcer a máscara com força e deixe-a secar
- Passe a máscara com ferro quente
- Guarde-a em um recipiente fechado
Quando descartar a máscara de tecido:
- Recomenda-se evitar que os materiais sejam lavados mais do que 30 vezes
- Caso a máscara apresente fissuras ou esteja frouxa, deve ser descartada
Onde é obrigado a usar
- Nos espaços de acesso aberto ao público, incluídos os bens de uso comum da população
- No interior de estabelecimentos que executem atividades essenciais por consumidores, fornecedores, clientes, empregados e colaboradores
- Em repartições públicas estaduais, pela população, por agentes públicos, prestadores de serviço e particulares
- No transporte público
Punição
- Advertência
- Multa de R$ 276,10 a R$ 276.100
- Interdição parcial ou total do estabelecimento, seções, dependências e veículos
Fiscalização
- A fiscalização do cumprimento do decreto será feita pelos municípios
Fontes: Anvisa, Governo de São Paulo, Ministério da Saúde, OMS e Sociedade Brasileira de Infectologia
Perguntas e respostas
Se eu usar a máscara para uma saída rápida, como comprar pão, posso chegar em casa, deixar a máscara pendurada no varal e voltar a usá-la por mais duas horas em outra ocasião?
Não. Quando alguém tosse, as gotículas de saliva atingem até três metros. Na fala, em torno de um metro e meio. Ou seja, pode ter havido contato com algumas dessas gotículas contaminadas.
Devo usar a máscara se estiver no carro sozinho?
Se o carro estiver fechado, não é necessário. Porém, com os vidros abertos, é importante utilizar para evitar contaminações. O decreto não obriga o uso nesses casos.
No caso de máscaras coloridas, posso usar água fervente para higienizá-las, já que a água sanitária desbota o tecido?
Não é necessário. O recomendado é que se lave e esfregue com água e sabão e que, após a secagem, passe com ferro quente.
É verdade que se eu colocar papel toalha entre a máscara e o meu rosto ela pode ser usada por mais tempo?
A recomendação é para que isso não seja feito. O papel pode estar contaminado ou pode ficar umedecido mais rapidamente, o que levará a pessoa a tocar no rosto para arrumar ou trocar a toalha.
Prestadores de serviço que visitem a casa do cliente devem usar máscara?
Não somente o prestador, como também o cliente. Assim, todos ficam protegidos.
Posso retirar a máscara para comer algo na rua ou fumar e colocá-la novamente?
Sim, desde que higienize corretamente as mãos ao tirar e colocar novamente a máscara e a guarde em uma sacola desinfetada. Mas a recomendação é que ela seja substituída por uma limpa.
Usar máscara pode causar deficiência de oxigênio?
A probabilidade de que isso ocorra em atividades do dia a dia são extremamente baixas. Os especialistas, entretanto, destacam que, quando a máscara está suja, a respiração fica mais difícil.
Fontes: Marcelo Otsuka (infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia) e Renato Fábio Espadaro (enfermeiro e professor na área de Urgência e Emergência da Uninove)