Parques da capital paulista reabrem com movimentação intensa
Apesar da recomendação, não foi visto procedimento de medição de temperatura nas áreas verdes visitadas
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Após quase quatro meses fechados, os parques públicos da capital tiveram movimentação intensa nesta segunda-feira (13), dia em que foram autorizados a reabrir. Os espaços haviam sido fechados no fim de março como medida de prevenção contra a pandemia do novo coronavírus.
A reportagem do Agora visitou quatro áreas verdes entre o fim da manhã e o início da tarde desta segunda-feira. Na zona leste, o parque do Carmo tinha bastante movimentação. Algumas pessoas estavam sem máscaras ou usando o item de maneira inadequada —a utililização do item de proteção é obrigatória aos frequentadores.
Por lá, entre os problemas encontrados estava a falta de manutenção dos banheiros: nem todos estavam funcionando. Nos que estavam abertos, havia cabines quebradas, sem porta e sem trinco. Um dos sanitários femininos faltavam torneiras.
O casal de autônomos Fabio Libano, 30 anos, e Gisleide Silva, 37, criticou a limpeza das pistas de caminhada. Moradores do entorno, os dois tinham o costume de visitar o parque antes da pandemia. Ele afirma que encontrou muitos galhos e árvores caídas.
A autônoma Juliana Almeida, 26, foi com as três irmãs e um sobrinho ao parque nesta segunda-feira. Para ela, a reabertura só deveria acontecer quando não houvesse mais chance de contaminação pelo novo coronavírus. “A gente só saiu de casa para tomar um ar e porque é aniversário dela [de uma das irmãs]”, disse.
Verônica Aparecida, 35, é vendedora e trabalha dentro do parque do Carmo. Para voltar às atividades, ela recebeu orientações para seguir os cuidados necessários para prevenção. Com álcool em gel, máscara, e higienização constante do balcão, ela afirmou que o funcionamento foi bom no primeiro dia. “Não tem do que reclamar”, disse. Ela contou que o movimento estava baixo, mas que isso é comum durante a semana.
Também na zona leste, o parque Raul Seixas estava com a grama cortada e banheiros limpos. Apenas as cabines integradas à Casa de Cultura, situada no local, não estavam funcionando. No espaço, algumas crianças brincaram em um escorredor de pedra que não foi interditado. Segundo a prefeitura, os brinquedos não seriam liberados.
A técnica de enfermagem Neide Gomes da Silva, 34, contou que “estava sentindo falta da natureza”. Ela levou os três filhos ao parque nesta segunda-feira e comenta que o lugar costuma ser bem tranquilo.
O auxiliar de limpeza Geneci Teixeira da Silva, 48, mora em Sapopemba (zona leste) e aproveitou para ir até o parque nesta segunda-feira. Ele elogiou a reabertura. Para ele, "o parque está 60% melhor". "Antes tinha pouco funcionário limpando e cuidando da segurança”, afirmou.
No parque da Aclimação (zona sul), algumas das entradas foram fechadas para que os funcionários pudessem ter mais controle sobre o número de visitantes. Mesmo assim, o espaço estava cheio, sem que as pessoas respeitassem o distanciamento mínimo de 1,5 metro umas das outras. De acordo com as determinações do governo do estado, gestão João Doria (PSDB), cada área verde poderá receber somente o equivalente a 40% de sua capacidade.
Em uma das entradas do parque, na rua Muniz de Souza, havia um totem com álcool em gel à disposição da população. Dentro do espaço, não foram vistos outros dispositivos com o produto. Lá dentro, playgrounds e equipamentos de ginástica foram interditados.
Apesar do movimento intenso, o uso da máscara foi respeitado. No parque da Aclimação, uma visitante que usava o item de maneira inadequada foi advertida por um segurança e logo arrumou o equipamento no rosto. Em uma das entradas, um grupo vinculado ao Rotary Aclimação estava entregando máscaras gratuitamente aos frequentadores. Segundo a presidente, Diva Fonseca, 2.000 unidades foram distribuídas.
A auxiliar de laboratório Rita de Cássia Oliveira, 47, se surpreendeu com o alto número de pessoas no local. "Eu costumava vir sempre aqui antes de interditar. E não tinha tudo isso de gente aqui em uma segunda-feira de manhã", afirmou. "Pode ser que esteja assim porque é o primeiro dia. Logo deve voltar ao normal", acrescentou a amiga dela, a nutricionista Massami Baba, 47.
Em nenhum dos parques visitados tinha medição da temperatura dos usuários na entrada, procedimento que faz parte dos protocolos de abertura.
Segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), todos os parques vão ter uma tenda para o procedimento. "Medir a temperatura na entrada de parque não é a mesma coisa que medir a temperatura na entrada de shopping center. Muita gente já chega ofegante, praticando atividade física. Então, sendo constatado alguém com temperatura elevada, a orientação é pedir para a pessoa esperar alguns minutos e depois repetir essa testagem, que é voluntária, mas temos visto grande adesão nos parques em que ela já está acontecendo", afirmou.
Procurada pela reportagem sobre os problemas no parque do Carmo, a Prefeitura de São Paulo não respondeu até a publicação desta reportagem.
Vazio
Por outro lado, o parque da Água Branca, na zona oeste, estava vazio no início da tarde desta segunda-feira. Dentre as poucas pessoas que faziam caminhada por lá, a maioria fazia uso correto das máscaras.
Em uma das entradas, na avenida Francisco Matarazzo, havia um frasco de álcool em gel para os frequentadores, mas também não tinha termômetro. A Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente diz que um dos equipamentos apresentou falha e teve de ser retirado. A pasta diz que iria substituir o aparelho.
O parquinho infantil não estava lacrado e, sendo assim, algumas crianças brincavam no local. A secretaria diz que seus técnicos "acompanham a movimentação no primeiro dia para verificar a necessidade de outras medidas, como a interdição dos brinquedos".
Outro problema encontrado foi em um dos banheiros masculinos, que não tinha papel toalha. A pasta diz tratar-se de um "caso pontual" que já foi comunicado à administração do espaço para que seja solucionado.
"Eu achei bem tranquilo o parque hoje. Estava com receio de que fosse estar cheio e que não fosse possível manter o distanciamento", afirmou a aposentada Maria Psaltikidis, 58. Para aumentar a prevenção, ela levou na bolsa um frasco de álcool em gel, além de máscaras extras.