Regras para prevenção são desrespeitadas no transporte público de São Paulo

Sem distanciamento mínimo, passageiros se aglomeram em terminais e estações, onde falta, por exemplo, álcool em gel

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São Paulo e São Paulo

As medidas de prevenção contra a transmissão do novo coronavírus estão sendo desrespeitadas no transporte público. Entre os principais problemas encontrados estão a falta de higienização adequada e o descumprimento do distanciamento social, o que resulta em aglomeração de passageiros.

Em terminais de ônibus e estações do metrô ou da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), há pouca oferta de álcool em gel para os passageiros. No ponto de parada do Jabaquara (linha 1-azul), não foram colocados frascos com o produto na área de bilheteria e nem após as catracas.

Em nenhum desses locais, bem como na plataforma de embarque e em escadas rolantes, há sinalização para que as pessoas mantenham distância umas das outras. Mesma situação foi observada na Santa Cruz, que atende às linhas 1-azul e 5-lilás. Na parte da estação que funciona como parada da linha 5, algumas das cadeiras na plataforma de embarque estavam interditadas para estimular o distanciamento.

Nas plataformas das estações Guaianases e Corinthians-Itaquera da CPTM e do metrô (ambas na zona leste), não havia marcação para distanciamento no piso. Por outro lado, em Itaquera há uma cabine de desinfecção, onde uma funcionária aplica uma solução química nas mãos de quem passa por lá.

Nas estações visitadas, alguns passageiros foram vistos usando a máscara de maneira errada (sobre o queixo ou com o nariz para fora), sem serem incomodados por funcionários da segurança.

Terminais

No terminal localizado ao lado da estação Santa Cruz do metrô, a limpeza é precária. Funcionários de empresas de ônibus, que não quiseram se identificar, disseram que os banheiros são abertos somente após às 9h e que, em algumas ocasiões, chegam a ficar fechados o dia inteiro.

Por conta desse problema, os trabalhadores disseram já ter presenciado situações de passageiros urinando na própria plataforma de embarque. Não há nenhum dispenser de álcool gel à disposição dos passageiros.

Em Cidade Tiradentes (zona leste), o terminal conta com demarcações no chão, água, sabão e papel nos banheiros e avisos sonoros para que os passageiros utilizem máscara. No entanto, não havia álcool em gel na bilheteria, nas proximidades dos caixas eletrônicos e o bebedouro não estava interditado.

Já no bairro de Guaianases, a equipe do Agora presenciou três funcionários fazendo a desinfecção do chão, vigas e pontos do terminal norte.

Passageiros manifestam preocupação

O excesso de gente e a falta de higiene faz com que os passageiros fiquem receosos ao utilizar o transporte público na capital por medo da Covid-19.

Para o desempregado José Maria Silva, 66, os principais problemas estão na limpeza e lotação dos ônibus. “Não tem como andar vazio, é muita gente”, diz. A dona de casa Débora Aparecida, 47, acredita que disponibilizar álcool em gel para as pessoas ajudaria a melhorar. “Eu ando com o meu, mas não vi aqui”, comenta.

"Como os políticos querem que a população se proteja se eles não dão a mínima condição para isso?", questiona o repositor Valdemir Bezerra de Souza, 24. Ele cita que já viu, em mais de uma ocasião, cobradores de ônibus sem máscara. "Quem deveria dar o exemplo não dá", lamenta.

Em Itaquera, o analista de sistemas João Luiz de Oliveira Junior, 36, também tem visto pessoas sem máscara nos transportes, assunto que já foi motivo de briga entre passageiros. “Precisa melhorar, da população aos governantes”, afirma em relação aos cuidados pessoais e as aglomerações nos veículos e estações.

Em relação à superlotação, a engenheira Flávia Monteiro, 46, avalia que o problema é ainda mais grave nos microônibus. "Peguei um na semana passada, que vai de Santo Amaro ao Jardim Jaqueline, que estava muito cheio. É impossível respeitar a distância nesse caso", comenta.

Estado diz ter intensificado fiscalização

A Secretaria de Transportes Metropolitanos, gestão João Doria (PSDB), diz ter intensificado as medidas de descontaminação nos trens do metrô e da CPTM.

A pasta diz ainda que, em parceria com a iniciativa privada, “instalou cabines de descontaminação de roupas em 50 estações e está usando um robô sanitizante, testou lâmpadas ultravioletas com a certificação do IPT para permitir ainda mais a garantia da higiene dos cidadãos”.

A secretaria disse também que possui parceria com a PM para fiscalização de pessoas sem máscaras na entrada das estações.

A SPTrans, empresa que administra os ônibus da capital paulista, afirmou que fará as “correções necessárias” para os problemas no terminal Cidade Tiradentes.

A companhia diz estar tomando uma série de medidas de prevenção contra o novo coronavírus, como uso obrigatório de máscaras em ônibus e terminais, marcação de distanciamento no piso, higienização dos veículos entre as viagens e dos aparelhos de ar condicionado, além de cortina para proteção dos motoristas.

Em relação ao terminal localizado ao lado da estação Santa Cruz do metrô, a Secretaria de Transportes Metropolitanos, gestão João Doria (PSDB) afirma que o espaço é gerido pelo shopping homônimo.

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