Prefeitura de SP cancela verba para obras antienchentes na zona leste

Região da Vila Itaim costuma passar semanas debaixo d'água durante época de chuvas

São Paulo

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), cancelou neste mês o repasse de pouco mais de R$ 8,4 milhões que seriam destinados a serviços de combate às enchentes na região da Vila Itaim, no extremo leste da capital. Localizada em uma na várzea do Tietê, a área é frequentemente afetada por alagamentos, chegando a ficar por várias semanas embaixo d'água.

Apenas um lado da obra contra as enchentes foi concluído no córrego da Vila Itaim, na zona leste da capital paulista - 30.06.2020 - Zanone Fraissat/Folhapress

Segundo o líder comunitário Euclides Mendes, o Kiko, a verba para combate aos alagamentos no local havia sido empenhada no orçamento da cidade para este ano. No entanto, a prefeitura publicou um decreto no dia 16 de junho no qual abriu crédito suplementar no valor de R$ 27,6 milhões para cobrir despesas das secretarias municipais das Subprefeituras e da Pessoa com Deficiência.

Para possibilitar a transferência desses R$ 27,6 milhões, a gestão municipal teve de remanejar outras dezenas de verbas que estavam destinadas para outras finalidades. Entre elas, estão os R$ 8,4 milhões que seriam enviados para o combate às enchentes no entorno da Vila Itaim.

A região é constantemente afetada por alagamentos. Em diversas ocasiões, a prefeitura chegou a decretar situação de emergência ou de calamidade pública, o que facilita a realização de obras sem licitação. Mesmo assim, as ruas do bairro chegam a ficar tomadas pela água durante semanas, principalmente no verão. A última dessas enchentes, segundo Kiko, ocorreu no último dia 27.

Outro problema no local, acrescenta o líder comunitário, é a falta de limpeza nos córregos que cortam os bairros e deságuam no Tietê. Ele também cita irregularidades nas obras feitas pelo governo do Estado por ali.

Segundo o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), as intervenções consistem na construção de muros de contenção ao longo das margens dos rios Tietê e Itaim, além do córrego Tijuco Preto. "Só que esses muros são feitos apenas de um lado. Ou seja, quem está do outro, acaba sendo ainda mais afetado pela inundação", acusa Kiko.

Gestão Covas diz que recurso estava "congelado"

Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo afirmou que os R$ 8,4 milhões destinados ao combate às enchentes na região da Vila Itaim estavam "congelados" e que, portanto, não estavam disponíveis no orçamento.

A administração municipal diz ainda que as equipes da subprefeitura de São Miguel Paulista realizam "serviços de limpeza de córrego, reforma de bocas de lobo e poços de vistoria, e limpeza de galerias e ramais, diariamente, a fim de evitar transtornos causados devido às fortes chuvas".

Já o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) diz que o pôlder construído na região, cujo objetivo é diminuir o risco de inundações, "já está em operação e funcionou conforme o esperado", evitando cheias na região. O órgão diz que o equipamento beneficia cerca de 10 mil pessoas.

Sobre a informação de que houve enchentes na região, o DAEE informa que as ocorrências foram na Vila Any, Vila Aymoré, Vila Seabra, que "não fazem parte da abrangência do projeto".

"Estes locais possuem topografia plana típica da região, o que favorece a ocorrência de inundações. Para evitar, serão executadas obras de limpeza e desassoreamento de cursos d'água", acrescenta o departamento. O investimento será de R$ 14,5 milhões.​

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