Galeria do Rock aposta em máscaras estilizadas para fugir da crise
Procura pelos itens de proteção contra o novo coronavírus com estampas alternativas cresce no ponto turístico da região central de SP
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Depois de ficar quase cinco meses fechada por determinação do governo do estado em meio à quarentena de Covid-19, a Galeria do Rock, tradicional ponto turístico e de comércio na região central da capital paulista, reabriu no último mês de julho com um novo chamariz nas vitrines: as máscaras 'rock'n'roll'.
São assim chamados pelos lojistas tanto os itens estampados com logotipo de bandas, como como Pink Floyd, Rolling Stones e AC/DC, ou com estampas de caveira, por exemplo. "Por aqui [na região central] você já encontra as mais tradicionais até por R$ 5, mas tem gente que prefere pagar R$ 10 mais caro só para ter a máscara da banda que curte", afirma Antonio de Souza Neto, 59, o Toninho, que é síndico do local há 26 anos e também tem duas lojas por lá.
Segundo o comerciante, o frequentador assíduo gosta de dizer onde adquiriu o item. "O cliente vem aqui porque sabe que não encontra um produto assim em outro lugar e também porque gosta de falar que comprou na Galeria."
Em outro estabelecimento, a vendedora Silvana Rodrigues, 40, diz que esse tipo de máscara "é o que tem segurado as vendas" nesse momento em que o movimento ainda está fraco. "Como a gente expõe na vitrine, acaba tendo bastante procura, e tem gente que entra na loja só pra isso."
Mas há quem esteja em busca de outras formas de se proteger do novo coronavírus. "Os barbudos costumam preferir usar balaclava [espécie de gorro que tem abertura apenas para os olhos] ou bandana, porque se incomodam com o elástico da máscara", conta Gabriella Chagas Rueda, 26, que também é vendedora no local. Ricardo Pinheiro Alves, 42, trabalha em um estúdio de tatuagem na Galeria do Rock, não tem barba, mas reconhece a preferência por bandana. "Eu prefiro porque fico mais à vontade e também porque gosto de vermelho e, geralmente, as máscaras de banda são pretas."
Crise fez com que 30 lojas fechassem
Raíssa de Jesus, 30, afirma que, em sete anos como funcionária em lojas da galeria, nunca viu um movimento tão fraco. Segundo ela, é com a venda das máscaras "que dá para sobreviver", já que a procura por outros artigos de rock, como as tradicionais camisetas de banda, vinha caindo desde 2014, e a pandemia só acentuou a crise.
O síndico confirma que, de 2014 para cá, 30 lojas fecharam - das 450 existentes no centro comercial - sendo que 5 delas baixaram as portas por causa da pandemia. "Hoje, mesmo quem está melhor por aqui vende só 30% do faturamento que tinha antes." Em abril, o Agora mostrou que, com a quarentena, houve 400 demissões na Galeria. O próprio Toninho tinha 16 funcionários distribuídos por três lojas e, atualmente, tem só quatro e fecha o mês com 10% do faturamento anterior.
O baixo movimento é acentuado, de acordo com o comerciante, pelo fechamento temporário das repartições públicas no entorno. Mas ele garante que já há procura para alugar as lojas fechadas na Galeria e mantém a esperança de que, se depender dos roqueiros, a crise não se aprofunde. "Esse lugar tem história, está no inconsciente coletivo do paulistano e o espírito do rock continua presente. O rock'n'roll nunca foi cultura de massa, sempre foi contracultura. E nunca morre".