Descrição de chapéu Natal

A um mês do Natal, movimento no Brás e na 25 de Março é intenso apesar da pandemia

Mesmo com medo da Covid-19, clientes não deixam de ir aos locais, referências para compras populares

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São Paulo

Faltando um mês para o Natal, as regiões do Brás e da rua 25 de Março, na na área central da capital, estão cheias, mesmo que a cidade ainda esteja em quarentena para tentar conter a disseminação do coronavírus. Por lá, manter o distanciamento social é uma meta impossível. Os compradores dizem que têm medo da doença, mas que escolhem o destino devido aos preços baixos.

"Está bizarro, parece que estamos em 2019 ainda", afirma o publicitário Germano Oliveira, 31 anos. Ele foi à 25 de Março na manhã de terça-feira (24) pela primeira vez desde o início da pandemia para comprar itens para a casa. Ao chegar, diz, achou pior que o que imaginava.

"Tem muita gente sem máscara, inclusive vendedores de lojas." O segredo para minimizar os riscos foi evitar o transporte público, cronometrar o tempo de compra — resolveu tudo em meia hora —, evitar pesquisar preços no local, ir em lojas que já conhece para ser mais objetivo e andar pelo meio da rua, evitando calçadas.

A rua 25 de Março está com o trânsito de carros interrompido a partir da rua Carlos de Souza Nazaré. Em outras vias próximas, como na Ladeira Porto Geral, também só passam pedestres. Com isso, o fluxo de pessoas se distribui.

A empresária Maiana Aguiar, 34 anos, também evitava as calçadas. Ela foi ao local comprar decoração de Natal para um cliente. "Não tive medo de vir, mas estou tendo meus cuidados. Estou achando bem cheio, mas andando por aqui [no meio da via] não esbarro em muitas pessoas."

No Brás, a aglomeração era ainda maior. Em alguns trechos do largo da Concórdia e da rua Oriente, era difícil caminhar. "Está tão movimentado que está complicado comprar: não tem mercadoria", diz a comerciante Gislaine Januário, 53 anos. Ela revende roupas compradas no bairro e tem ido lá pelo menos uma vez por mês. "Já tive muito medo, mas preciso trabalhar. Agora evito ficar na muvuca e só entro nas lojas mais vazias."

Para a revendedora paranaense Roseli Tavares, 47 anos, o movimento na região está menor que em outros anos, especialmente levando em conta a época do ano, mas, ainda assim, muito grande. "Não tem como manter distanciamento." Para tentar não pegar a Covid-19, diz, não tira a máscara por nada.

Ser do grupo de risco para a Covid-19 devido a problemas cardíacos não afastou o agricultor Abadio Fernandes, 60 anos, das compras no Brás. "Em todo lugar vamos ter medo [da Covid-19], não só aqui, não tem jeito. Enquanto não sair a vacina, temos que ter cuidado, mas como evitar de vir? A gente toma as precauções."

Lojistas veem aumento das vendas

A expectativa para o fechamento de novembro e para dezembro é de que as vendas no Brás alcancem o mesmo nível de anos passados, segundo Lauro Pimenta, conselheiro executivo da Alobrás (Associação de Lojistas do Brás).

"A nossa percepção é de que tem aumentado bastante a movimentação nas lojas. Percebemos que está tendo até mais trânsito. É o aumento considerável que é a praxe de fim de ano", afirma Pimenta.

Já a Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências) vê o crescimento se iniciando agora, de acordo com Jorge Dib, diretor da entidade. "Não adianta não ser realista e achar que vai ser melhor que no ano passado. Mas a venda de enfeites de Natal, roupas e brinquedos tem tido aumento."

Para Dib, há alguns fatores para o crescimento lento: medo da população, pessoas que saíram da capital devido aos expedientes remotos e baixo fluxo de compradores do interior. "E também tem um pouco de migração do movimento de vendas para o online, que está melhor que no ano passado."

No Brás, Pimenta afirma que as vendas virtuais também aumentaram, mas ainda não se equiparam ao comércio presencial. De acordo com ele, o público que compra no bairro tem uma característica muito forte de querer ter o contato com as lojas.

Os dois representantes das entidades afirmam que têm reforçado protocolos de saúde para diminuir o risco de propagação da Covid-19. Segundo eles, as lojas são orientadas a tomar medidas como solicitar o uso da máscara de proteção e oferecer álcool em gel aos clientes.

Outro lado

Por meio de nota, a prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que a Secretaria Municipal da Saúde tem realizado, desde o dia 1º de julho, "vistorias estratégicas em estabelecimentos comerciais e abordado munícipes para reforçar a importância e a necessidade do uso correto de máscaras de proteção facial". Disse ainda que os agentes "orientam e conscientizam os cidadãos e os estabelecimentos para afixarem cartazes nos comércios com orientações sobre a Covid-19 e o uso correto da máscara".

A pasta acrescentou que, em toda a cidade, as ações estão sendo realizadas pelas 27 UVISs (Unidades de Vigilância em Saúde) espalhadas pela capital. A secretaria informou que, até esta terça-feira (24), 2.498 munícipes "foram abordados e orientados para a correta utilização das máscaras", Em relação às multas, a prefeitura diz ter optado por ações educativas, "não fazendo desta uma ação punitiva".

As denúncias sobre locais com pessoas sem máscara podem ser feitas pelo disque-denúncia da Vigilância Sanitária, pelo telefone 0800 771 354. É garantido o sigilo e anonimato. Também é possível fazer o procedimento pelo portal 156.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), garantiu que monitora o trânsito na região da rua 25 de Março, Largo da Concórdia e imediações, "em virtude do aumento do movimento de pedestres nessas regiões por conta do fim de ano". "O objetivo é proporcionar condições de acessibilidade ao público que frequenta a região, mantendo a segurança de pedestres e a fluidez no trânsito", disse a companhia.

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