Hipertensão pode levar ao AVC, que mata 100 mil ao ano no país

Acidente Vascular Cerebral também pode ser causado por aneurisma, como ocorreu com Tom Veiga

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode ser o resultado de uma combinação muito comum no estilo de vida de quem mora nas grandes cidades.

Pressão arterial elevada, alimentação inadequada e sedentarismo são alguns dos fatores que podem causar esse dano, que leva 100 mil pessoas à morte todos os anos, em média, somente o Brasil. Os principais alvos são os adultos entre 30 e 50 anos de idade.

Nem todos os cerca de 400 mil casos de AVC ocorridos no país todos os anos são causados exclusivamente pelo estilo de vida. Tal como aconteceu com o ator Tom Veiga, que dava vida ao Louro José, na TV Globo, parte do problema é provocado por aneurismas, que podem ter origem congênita. Até 20% são hemorrágicos (quando há extravasamento do sangue), o tipo mais letal.

De forma geral, os AVCs têm como parceira fiel a hipertensão. "A causa mais importe é a hipertensão arterial, que é um inimigo silencioso. Não tem sintomas e, quando a pessoa percebe, tem um AVC", afirma a fisiatra e professora adjunta da Faculdade de Medicina de São José de Rio Preto-Autarquia Estadual Regina Chueire.

Segundo Regina, os casos graves têm sinais claros. "Como se reconhece? Com uma dor de cabeça intensa. Os pacientes relatam que nunca tiveram igual na vida. É uma emergência médica, tem que correr para o hospital. Explode a artéria", afirma a médica.

Hipertensão é um dos fatores de risco para o AVC - Arte Agora


Neurologista e gerente médico do protocolo de atendimento ao AVC do Hospital Sírio-Libanês, Eli Faria Evaristo reforça o pedido para que se leve a pessoa rapidamente para o pronto-socorro. "Não há recomendação para tomar remédio, para descansar em casa ou esperar atendimento. Deve ir ao hospital imediatamente para iniciar o tratamento. O sucesso depende, em parte, desse rápido início", diz o médico.

Evaristo lembra que pequenos testes que ajudem a reforçar a hipótese da ocorrência de um AVC. Basta se lembrar da sigla Samu, como o serviço de emergência.

Dano pode afetar também comunicação e memória

Não são apenas os movimentos, a fala ou a aparência da pessoa que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que podem apresentar alterações significativas. Até mesmo o comportamento e a memória do paciente são afetados, o que exige a atenção de familiares e pessoas próximas.

"Caso ocorra um AVC menor, de lesões muito pequenas, dependendo do lugar onde acontece, as manifestações são mais sutis e nada é percebido claramente", afirma Eli Faria Evaristo, neurologista e gerente médico do protocolo de atendimento ao AVC do Hospital Sírio-Libanês.

Segundo o neurologista, os sintomas de que algo não está bem passam pelo humor da pessoa. "Podem surgir quadros clínicos arrastados, sutis. A memória vai piorando, bem como o comportamento. Pode ficar mais irritada, emotiva ou chorosa. São mudanças que aparecem de forma insidiosa. Quando se investiga, percebe-se que foram pequenos AVCs", diz Evaristo.

O especialista afirma que até transtornos mentais podem ter origem no AVC. "Há quadros de depressão que surgem por AVC", diz o neurologista do Sírio-Libanês, ressaltando que é sempre importante ter uma avaliação especializada.

Problemas de comunicação estão também entre os sinais pouco comuns do AVC, segundo Regina Chueire, fisiatra e professora adjunta da Faculdade de Medicina de São José de Rio Preto. "A pessoa não consegue se expressar ou não consegue entender. Se ler, vai ler em português, mas é como se estivesse em árabe para ela", diz. "Quem tem segunda língua, vai buscar a informação em outro lugar."

Saiba mais

Atenção!
Mais da metade dos sobreviventes fica com sequelas


- 400 mil
casos por ano no Brasil

- 100 mil
mortes por ano em decorrência de AVC


O que acontece com quem tem AVC
- complicações motoras podem aparecer em 50% a 83% dos casos
- problemas cognitivos em cerca de metades dos pacientes
- distúrbios psicológicos em cerca de 20% deles


RECUPERAÇÃO
- Tratamento médico imediato é fundamental e deve começar ainda no hospital
- Atendimento deve ser multidisciplinar e envolver fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, neurologistas, fisiatras
- Familiares devem fazer parte do processo de recuperação

Toxina botulínica
Pessoas que sofrem de espasticidade (rigidez na área afetada, como cãibra permanente) após o AVC podem ser tratadas com oa toxina botulínica, a mesma empregada em tratamentos estéticos

HUMOR
Um terço apresenta alterações de humor, como depressão e ansiedade

O QUE FAZER
Quem está próximo a alguém com suspeita de AVC deve usar a sigla Samu e pedir para o paciente:

S - Sorrir - ajuda a perceber distorções no movimento do rosto
A - Abraçar - esticar os braços como se fosse abraçar alguém, para notar fraqueza em alguns dos lados
M - Música - repetir trecho de música que conheça, para verificar algum dano de compreensão ou na fala
U - Urgente - levar a pessoa rapidamente ao hospital


- Hipertensão
50% dos pacientes com AVC têm hipertensão

- Outras causas
Aneurisma
Colesterol alto
Diabetes
Triglicérides
Fumo
Baixa atividade física
Vida estressante
Uso de drogas


- Histórico familiar
Quem tem alguém na família que já sofreu AVC ou tem hipertensão arterial deve redobrar os cuidados e visitar o médico com frequência


CUIDADO
Pequenos AVCs podem ser imperceptíveis, mas levam a quadros depressivos


Fontes: Regina Chueire, fisiatra e Professora Adjunta da Faculdade de Medicina de São José de Rio Preto-Autarquia Estadual, e Eli Faria Evaristo, neurologista e gerente médico do protocolo de atendimento ao AVC do Hospital Sírio-Libanês

Notícias relacionadas