Saiba como evitar as surpresas com a alimentação nas festas

Até mesmo o gelo, por causa da água utilizada, deve ser olhado com atenção, segundo médicos

São Paulo

As festas de fim de ano têm fartura de comida que, em geral, é consumida em dias quentes. Isso aumenta as possibilidades de se enfrentar uma intoxicação alimentar, que pode transformar o momento de descontração em pesadelo.

Ilustração para matéria Viva bem sobre intoxicação alimentar
Intoxicação alimentar é comum no fim do ano - Arte Agora

A grande vilã da temporada é a maionese, capaz de provocar problemas à saúde. "É um alimento gorduroso que contém ovo. O ovo pode ser um transmissor da salmonela, uma das bactérias que causam intoxicação. Por isso é preciso cuidado", explica o médico gastroenterologista Eduardo Nobuyuki Usuy Jr. 

“Além disso, carnes e peixes crus, mesmo que sejam de boa procedência, devem ser evitados. Os alimentos que são cozidos, passados pelo calor, têm menos chance de causar algum tipo de mal-estar”, completa o especialista.

O médico, que integra a Federação Brasileira de Gastroenterologia, alerta que o gelo é outro motivo para cuidado. “A água utilizada para fazer o gelo, ou mesmo a mão de quem manipulou o produto, podem conter alguma bactéria que cause intoxicação”, diz. 

Todos os pratos que têm creme de leite, molho branco ou molhos em geral merecem atenção. No entanto, o mais importante é tomar cuidado com a variação de temperatura, como conta a nutricionista Lara Natacci. 

“É muito comum as pessoas deixarem os alimentos em temperatura ambiente. Dependendo do calor do dia, o prato pode durar de duas a três horas fora da geladeira. Passando esse período, não é aconselhável consumir o alimento. O correto é deixar a comida sempre na geladeira, quando não está sendo consumida”, afirma.

"Nas ceias, a dica é não preparar quantidades enormes de comida e não deixar a mesa montada à noite toda. Se for resservir, cada um faz o seu prato e esquenta só a quantidade que for repetir", aconselha.

Segundo Lara, para poder reaproveitar as sobras nos dias seguintes, é importante lembrar de guardar os pratos na geladeira logo após serem consumidos.

Natacci alerta ainda para os buffets. “É importante tomar cuidado ao comer fora de casa. Muitos restaurantes não trocam o recipiente no qual a comida é servida ao longo do dia todo, apenas repõem o alimento no mesmo lugar.”

Espinhos e pequenos ossos podem engasgar

Outro ponto de alerta nas festas é o engasgar durante a alimentação. Deve-se tomar cuidado com pequenos ossos ou espinhas presentes nos tradicionais assados de fim de ano.

O engasgo, em casos graves, pode deixar a pessoa inconsciente por um tempo ou até mesmo levá-la à morte em casos graves. 

A recomendação é tentar auxiliar as vítimas para que elas consigam expelir o osso ou a espinha. No caso de adultos, abraçar por traz e forçar a boca do estômago pode ajudar. Persistindo o engasgo, é importante procurar ajuda médica com urgência. Vítimas inconscientes precisam de atendimento hospitalar urgente.

Já na praia é preciso muita cautela, avalia o médico Eduardo Nobuyuki. “Existe muito calor e o acondicionamento dos alimentos não costuma ser adequado, de forma geral.” 

De acordo com a nutricionista Lara Natacci, “tomar cuidado com a higienização dos quiosques é fundamental. Tem que observar, por exemplo, se a mesma pessoa que cobra, que pega no dinheiro, é a mesma que manipula os alimentos. Isso pode gerar contaminação”.

Uma opção é o milho, que é cozido em altas temperaturas e costuma ser vendido pelos carrinhos que passam pelas areias das praias. Mas o mais indicado é “levar o próprio lanche e deixar para fazer uma refeição mais completa quando chegar na casa em que está hospedado”.

Intoxicação alimentar

O que é?

  • A Intoxicação alimentar é um termo genérico utilizado para caracterizar uma gastroenterite
  • É causada por bactéria, vírus ou parasitas transmitidos por meio da água ou alimento contaminado
  • A falta de higienização adequada das mãos pode ser um ponto de partida para uma intoxicação
  • Também pode ser causada pela ingestão de alimentos perecíveis que ficaram muito tempo fora da geladeira

Sintomas 

  • Náuseas
  • Vômitos
  • Dores abdominais
  • Diarreia
  • Desidratação
  • Falta de apetite
  • Febre

Dicas para evitar intoxicação alimentar

  • Lavar as mão com água e sabão sempre antes de manipular alimentos
  • Usar álcool gel nas mãos ao longo do dia
  • Limpar bem recipientes e locais que serão usados para as preparações como: pias e vasilhas
  • Evitar leites e sucos não pasteurizados
  • Evitar carnes cruas
  • Trocar constantemente panos de pratos e esponjas
  • Observar se a geladeira está refrigerando os alimentos adequadamente
  • Evitar deixar a mesa da ceia montada a noite toda com alimentos perecíveis
  • Deixar a comida sempre na geladeira
  • Folhas devem ser lavadas, depois secadas e colocadas na geladeira
  • Desinfecção das frutas e vegetais (colocar em vasilha com água e hipoclorito de sódio, uma colher para cada litro, 30 a 40 minutos e depois lavar em água corrente)
  • Evitar a automedicação 

Tratamento

  • A indicação é tomar muito líquido, como suco de fruta natural, chá, água de coco e isotônico
  • Nos dias seguintes à intoxicação, evite alimentos crus como folhas
  • Evite alimentos gordurosos e opte por carne branca
  • Prefira frutas
  • Evite alimentos industrializados e ultraprocessados

Nas festas de fim de ano

  • Quem consome bebidas alcoólicas não deve ficar de estômago vazio na hora de beber e precisa intercalar com outro líquido não-alcoólico
  • Água ou mesmo suco, isso vai manter quem bebe durante as festas hidratado e retardar o efeito do álcool no organismo
  • Tente fazer alguns petiscos não muito pesados para acompanhar as bebidas alcoólicas, já que a ceia costuma ter pratos mais calóricos

Cuidado com ovos e maionese

  • Não os deixe na temperatura natural
  • Não deixe na porta da geladeira, pois há variação de temperatura
  • A maionese só deve ser retirada da geladeira na hora do consumo

Fonte: Ministério da Saúde

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