Primeiro dia de fase amarela tem ruas cheias e aglomeração no centro de SP
Aglomeração nas calçadas e pessoas sem máscara são uma constante na região do Brás
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Pelas ruas do Brás e da região da rua 25 de Março, no centro de São Paulo, a regressão da capital para a fase amarela do Plano São Paulo para conter o avanço do novo coronavírus não afetou a rotina de compras de Natal, época de maior movimento nos dois endereços. Nesta quarta (2), foi publicado, no Diário Oficial, o decreto municipal estabelecendo o limite de horário (até 10 horas por dia) e a diminuição da capacidade (até 40%) do comércio da cidade.
O endurecimento da quarentena se deu pelo aumento de internações e mortes por Covid-19 na cidade. Apesar disso, o movimento nos dois principais pontos de comércio popular era intenso na quarta. Comparando com a semana anterior, quando faltava um mês para o Natal, a impressão era de ainda mais gente.
Nos dois locais, andar pelas calçadas sem esbarrar nas outras pessoas era um desafio --tentar manter distanciamento social era missão inútil. Muitas das pessoas não estavam de máscara ou usavam de forma errada. Havia presença de policiais militares e guardas municipais nos locais, mas não foi vista nenhuma abordagem para garantir o cumprimento dos protocolos sanitários.
Dentro das lojas do Brás, o movimento era menor. O decreto municipal estabelece que o limite de clientes no interior delas deve ser de 40% do total, mas em nenhuma delas a reportagem viu algum tipo de controle de acesso. Nas galerias de boxes, a lotação era grande.
"Eu estou horrorizada com a quantidade de pessoas, em pânico", afirma Sonia Ferreira, 53. Ela foi ao Brás para comprar roupas e revender em Divinópolis (MG). Para ela, a diferença de movimento da rua para as lojas pode ser explicada porque há falta de mercadorias no comércio.
Já na região da 25 de Março, a maior parte das lojas tinha funcionários oferecendo álcool gel na entrada, mas, na parte de dentro, estavam cheias. Por lá, algumas ruas estavam interditadas para carros, o que diminuía a aglomeração nas calçadas.
A enfermeira Leia Silva, 35, diz que ficou preocupada especialmente com a quantidade de pessoas sem máscara durante as compras. "O número de casos está aumentando, e as pessoas ignoram isso, parece que está tudo normal. O medo [do coronavírus] do começo desapareceu."
Lojistas reclamam do comércio informal
O agravamento da pandemia, com consequências diretas no comércio formal, o comportamento dos vendedores ambulantes não cadastrados preocupa as associações de lojistas do Brás e da 25 de Março.
Segundo Jorge Dib, diretor da Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências), há uma parte do público que não está frequentando as lojas porque não quer correr o risco na rua, onde há aglomerações e pouco controle sanitário.
Os clientes que continuam frequentando a região da 25 de Março têm mudado o comportamento, afirma Dib. "Hoje o consumidor vem bem restritivo, não fica batendo perna, é bem objetivo. Tanto que orientamos os vendedores para aproveitarem cada oportunidade."
"O comerciante tem como ser cobrado, mas na rua não tem fiscalização do que é certo, orientação sobre espaçamento, nenhum protocolo", diz Lauro Pimenta, conselheiro executivo da Alobrás (Associação de Lojistas do Brás).
Na visão dos lojistas do Brás, segundo Pimenta, a restrição de horário das lojas vai ter um efeito contrário ao desejado pelas autoridades sanitárias porque o fluxo de pessoas ficará concentrado.
"Além do afunilamento do horário e por ser Natal, que as pessoas não vão deixar de comprar, foi inoportuna a mudança agora porque muitas pessoas ficam se perguntando se vai ter lockdown, aumentam as fake news e isso atrai mais pessoas porque elas estão com medo de fechar no futuro."
Resposta
Por nota, a Secretaria de Estado da Saúde, gestão João Doria (PSDB), afirma que o CVS (Centro de Vigilância Sanitária), com suporte da Polícia Militar, apoia as prefeituras na fiscalização de legislações sanitárias, "incluindo a obrigatoriedade do uso de máscaras e as aglomerações em espaços coletivos".
Segundo a pasta, as pessoas que não usam máscaras podem ser multadas. Desde 1º de julho, afirma a nota, a Vigilância Sanitária estadual fiscalizou 110,2 mil estabelecimentos e realizou 1.172 autuações por descumprimento às normas, sendo 828 estabelecimentos e 344 transeuntes.
"Podem ser autuados comerciantes ambulantes e transeuntes, além de estabelecimentos que não estiverem respeitando as medidas para prevenção contra o coronavírus."
O Agora perguntou também se o retrocesso de fase traria um reforço da fiscalização e como é feita a inspeção de lojas que não realizam controle de acesso de clientes, dificultando a mensuração dos 40% de capacidade, mas a SES não respondeu.
Já a Secretaria Municipal de Saúde, gestão Bruno Covas (PSDB), diz que equipes da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) "têm abordado munícipes para reforçar a importância e a necessidade do uso correto de máscaras de proteção facial, para evitar a propagação de gotículas nasais ou salivares no ambiente".
"Os profissionais são responsáveis pelas abordagens e orientações aos munícipes, para a correta utilização das máscaras nos grandes centros comerciais, nas diferentes regiões e locais com o maior fluxo de pessoas. Até o momento, 4.550 munícipes foram abordados e orientados", diz a pasta. A secretaria acrescenta que tem optado por ações educativa, sem aplicação de multas.
As subprefeituras Sé e Mooca informam que, diariamente, são realizadas ações de fiscalização a ambulantes irregulares na região da 25 de Março e Brás. As operações têm o apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana).