GCM é suspeito de atirar no rosto de jornalista durante discussão em pet shop no ABC
Agente teve a prisão decretada na tarde desta terça-feira pela Justiça; defesa diz que disparo foi acidental
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Um jornalista de 70 anos foi ferido com um tiro no rosto após uma discussão com um GCM (Guarda Civil Municipal), por causa do atendimento em um pet shop em São Bernardo do Campo (ABC), por volta das 14h30 desta segunda-feira (1º), de acordo com a polícia. O agente trabalha em Indaiatuba (98 km de SP), mas estava no local, que pertence à mulher dele, em seu dia de folga.
Ageu Rosas Galera, 35 anos, suspeito do crime, fugiu e teria levado junto, segundo investiga a polícia, os registros do sistema de monitoramento de câmeras do local. A prisão temporária por 30 dias dele foi decretada pela Justiça no fim da tarde desta terça-feira (2).
O advogado de defesa do guarda, Ayrton Perroni Alba, afirmou que houve um tiro acidental, quando o jornalista supostamente tentou desarmar o GCM. "Meu cliente vai se apresentar à polícia somente quando não houver prisão em aberto contra ele, para esclarecer tudo o que aconteceu", disse o defensor.
Segundo a polícia, a vítima tinha deixado, por volta das 11h30, duas cadelinhas no pet shop para que tomassem banho.
De acordo com o boletim de ocorrência, sem conseguir informações por telefone, Daniel José Lima foi até o local com sua secretária, de 51 anos. No pet shop, o jornalista teria reclamado com a recepcionista sobre o mau atendimento prestado. A partir deste momento, há duas versões para o caso.
Foi registrado no 1º DP de São Bernardo do Campo que Galera entregou as duas cachorrinhas ao jornalista e disse: "Aqui estão os seus cachorros. Não precisa pagar pelo serviço. Eu pago para não ver mais sua cara aqui."
O cliente, segundo boletim de ocorrência, teria dito que não retornaria mais ao local. Durante a discussão, a mulher do GCM, uma veterinária de 25 anos, tentou intervir.
O guarda, ainda de acordo com a polícia, subiu no segundo piso do comércio, de onde teria retornado com uma arma em punho e atirado contra o jornalista. O suspeito fugiu em seguida, usando uma moto, supostamente levando a gravação do sistema de câmeras, ainda segundo a polícia.
Na outra versão do caso, narrada nesta terça-feira (2) pelo advogado de defesa ao Agora, o GCM afirmou ter sido ofendido pelo jornalista, que teria feito xingamentos ao descobrir que discutia com um agente de segurança.
“O jornalista, inclusive, ficou instigando meu cliente a sacar a arma. Quando a esposa do guarda tentou dissuadir a discussão, o jornalista tentou pegar a arma de meu cliente. Na tentativa de impedir isso, houve um disparo acidental, atingindo o rosto [da vítima]. Se ele quisesse matar a vítima, teria dado mais disparos, mas não foi isso o que aconteceu”, afirmou o defensor.
Como usou uma arma sem registro, pertencente à família do guarda há gerações, segundo o advogado, o agente saiu do local após o disparo. “Ele me disse [por telefone] que não imaginava ter ferido o jornalista, mas a mulher ou algum funcionário do pet shop”, disse o defensor.
Sobre o sistema de monitoramento, o advogado afirmou ainda que o equipamento está sem funcionar há cerca de três meses. “Meu cliente não teve como levar imagens, pois não há como salvá-las no sistema de vigilância.”
O guarda foi indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificada (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima).
O jornalista permanecia internado, até a publicação desta reportagem, no Hospital São Bernardo. A unidade de saúde afirmou não informar o estado de saúde de pacientes. Uma parente dele afirmou que a bala entrou pela face, passou pelo pescoço e ficou alojada no ombro esquerdo.