Espaço para vítimas de assédio na CPTM atendeu 136 mulheres em um ano

Vítimas sofreram importunação sexual nas estações da companhia; 18 agressores foram presos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo
A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) fez 136 atendimentos de mulheres que relataram assédio sexual nas estações e nos trens. As queixas foram recebidas no Espaço Acolher, inaugurado em março do ano passado, que conta com 41 salas espalhadas entre as 94 estações que compõem o sistema. Segundo a companhia, 18 agressores foram presos em flagrante. Dos 136 atendimentos, somente em dois a vítima dispensou o encaminhamento à polícia.

"Os locais têm como objetivo dar atendimento humanizado e com privacidade a mulheres vítimas de violência ou importunação sexual nos trens e estações da companhia", afirma a companhia.

Entretanto, o número de vítimas pode ser bem maior, já que crimes de importunação sexual geram constrangimento para a vítima, o que pode impedir que a mulher agredida faça a denúncia.

Natália Prado, assessora executiva da empresa, afirma que a preferência é que as vítimas sejam atendidas por uma agente mulher, sempre que possível. No entanto, este contingente representa apenas 7% do número de funcionários.

"Mas, todos passaram por requalificação, por cursos de desconstrução do machismo e [os agentes homens] também estão preparados para atender as vítimas", afirma. "Mas esse não é um espaço romantizado, estamos construindo porque existe uma necessidade", afirma.

Espaço para acolhimento de mulheres vítimas de assédio nas estações da CPTM. - CPTM

Natália explica que este tipo de sala é importante para tentar amenizar o desconforto da vítima e para incentivar que mais mulheres denunciem as agressões. "Muitas vezes a ocorrência era sobre um homem ter ejaculado na vítima ou, às vezes, a mulher era encontrada no banheiro chorando. Elas ficam constrangidas, por isso as salas reservadas."

Segundo a assessora, muitas mulheres são importunadas já na plataforma. A estação no Tatuapé, na zona leste da capital, é a recordista de registros de abusos, foram dez até dezembro.

As estações Perus (linha 7-rubi), Domingos de Moraes (linha 8-diamante), Berrini e Grajaú (linha 9-esmeralda), Mauá (linha 10-turquesa) e Itaim Paulista e Itaquaquecetuba (linha 12-safira) receberam os novos espaços no final do ano passado.

Segundo a CPTM, o Espaço Acolher faz parte do programa “Em Movimento Por Elas”, lançado em parceria com o Instituto Avon, que consiste na formulação de políticas públicas para dar visibilidade para questões de gênero e combate à violência contra a mulher.

“Todas as grandes empresas têm importantes discursos pela valorização da mulher e combate ao machismo. A CPTM é uma grande empresa, transporta três milhões de pessoas sendo que a maior parte são mulheres. Queremos ir além do discurso, queremos que as nossas passageiras sejam respeitadas e as nossas colaboradoras vejam a companhia como um lugar seguro, acolhedor e, principalmente, justo para elas”, explica Pedro Moro, presidente da CPTM.

A CPTM afirma que também exibe, nas estações, trens e redes sociais, campanha de combate a importunação sexual, com foco na importância das pessoas, que presenciaram o ato, testemunharem.

Metrô

O Metrô afirma que é "pioneiro no enfrentamento ao assédio e abuso sexual no transporte público, com a adoção de programas que envolvem campanhas para o estímulo a denúncia e a conscientização de seus funcionários para o acolhimento das vítimas de forma prioritária, além do acionamento da rede da empresa para identificar os suspeitos".

Segundo a companhia, essa rede é composta por funcionários treinados e também tecnologia, como sistema de câmeras para prevenir e auxiliar na identificação dos suspeitos, "além de canais de comunicação rápida, como o SMS-Denuncia (97333-2252) e o aplicativo Metrô Conecta, onde os passageiros podem informar qualquer anormalidade ou situação suspeita".

O Metrô também afirma que mantém parceria com a Delegacia da Mulher, para simplificar e agilizar o atendimento e realizar ações regulares de conscientização. A manutenção de toda essa estrutura traz resultados: em 70% dos casos de assédio nas dependências do Metrô, os suspeitos são detidos e encaminhados para a delegacia.

A CPTM possui Espaços Acolher nas seguintes estações:

  • Linha 7-rubi – Vila Aurora, Franco da Rocha, Francisco Morato, Várzea Paulista e Pirituba;
  • Linha 8-diamante – Osasco, Jandira, Barueri e Carapicuíba;
  • Linha 9- esmeralda – Jurubatuba, Hebraica-Rebouças, Villa-Lobos – Jaguaré e Pinheiros;
  • Linha 10-turquesa – Santo André, Rio Grande da Serra e Tamanduateí;
  • Linha 11-coral – Suzano, Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Guaianases, José Bonifácio e Bom Bosco;
  • Linha 12-safira – São Miguel Paulista;
  • Linha 13-jade – Aeroporto Guarulhos.

O atendimento também é prestado nas estações de integração Luz (linhas 7-rubi e 11-coral), Brás (linhas 7-rubi, 10-turquesa, 11-coral e 12-safira); Tatuapé (linhas 11-coral e 12-safira), Engenheiro Goulart (linhas 12-safira e 13-jade); e Palmeiras Barra Funda (linhas 7-rubi e 8-diamante).

Notícias relacionadas