4 em cada 10 servidores da educação municipal de SP testados tiveram contato com a Covid
Dos 73,6 mil profissionais da rede municipal de ensino, 49.950 participaram de testagem, de acordo com a gestão Bruno Covas
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O inquérito sorológico de Covid-19 feito em profissionais da rede municipal de ensino indica que cerca de quatro em cada dez (38,8%) dos servidores tiveram contato recente com a doença.
A testagem foi realizada entre os dias 5 e 8 deste mês. Os 38,8% foram aqueles que detectaram positivo para anticorpos da classe IgM, que pode indicar a infecção atual ou recente. Os dados passados pela prefeitura são prévios e contabilizam os resultados obtidos até a última sexta-feira (9). A prefeitura também não informou qual foi o total de resultados dos 49.950 testes realizados.
Dados da Secretaria Municipal da Educação dão conta de que 67,8% dos profissionais da rede fizeram o exame (49.950 de um total de 73.600). O teste não era obrigatório e, portanto, a ausência não acarretou em nenhuma sanção por parte da prefeitura em relação aos servidores.
Ainda segundo a secretaria, 42,5% apresentaram IgG positivo, o que pode indicar infecção anterior, de pelo menos 21 dias antes da realização da coleta.
Apenas os servidores que apresentaram sintomas da doença foram orientados a realizar um teste de Covid-19 no posto de saúde e ficarem 14 dias afastados. Para saber quantos servidores da educação estão contaminados seria necessário realizar o teste RT-PCR, também chamado de teste molecular, que detecta a presença do material genético do vírus SARS-CoV-2.
Se a pessoa for assintomática e mesmo tendo positivado para um dos anticorpos, não será afastada e não haverá monitoramento, nem daqueles com quem teve contato, segundo protocolo estabelecido pela prefeitura.
O último inquérito sorológico feito pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), divulgado no dia 12 de março com dados de fevereiro deste a no, indicou que um quarto da população adulta maior de 18 anos já teve contato com o vírus. Na ocasião, a prefeitura diz ter utilizado o teste imunoenzimático, mais sensível e preciso e que traz dados de anticorpos.
Utilidade do teste
Segundo o epidemiologista Eliseu Alves Waldman, da Faculdade De Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), esses tipos de testes feitos pela prefeitura não servem para condutas individuais.
“Serve para se ter uma ideia, uma estimativa de qual é a proporção que já teve contato com o vírus”, afirmou.
Falando em tese e sem conhecer qual exame realizado, o especialista disse que esse tipo de testagem apresenta problemas. “Serve apenas para subsidiar estratégias de controle ou mitigação da pandemia. Isso na medida em que eu sei qual determinado segmento da população foi exposto”, afirma.
Para Waldman, tão importante quanto a testagem é a condição do ambiente oferecido aos profissionais da educação e alunos. “Uma coisa é a necessidade de voltar à escola, outra é a de criar condições adequadas para a rede escolar atuar”, afirmou.
O epidemiologista afirma não considerar que a testagem da forma como foi feita está errada. Porém, ressalta a importância do monitoramento e não ser tratada de forma isolada. "De uma maneira geral não tem valor isolado. Precisamos saber quais políticas serão implementadas a partir de agora", afirmou.
Teste molecular
Pediatra especializado em infectologia pediátrica, Marcio Nehab, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e integrante do grupo de trabalho de volta às aulas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), relativiza a testagem. “Esses exames são interessantes do ponto de vista epidemiológico. E só. Não serve para tomada de decisão para retomada das aulas”, diz.
Nehab alerta que o fato de alguém apresentar sorologia positiva não significa necessariamente que ele está protegido contra a doença.
Ele defende a realização do RT-PCR, exame que detecta a presença ativa do vírus no organismo, para a comunidade escolar. “No momento em que ainda temos um número muito elevado de casos, o ideal em termos de saúde pública é fazer o rastreamento semanal. Isso sim vale a pena até para detectar quem é assintomático”, afirma.
A realização do RT-PCR é umas reivindicações do Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública de São Paulo). Por meio de diversos protestos realizados quase que diariamente, o sindicato vem alertando que a retomada das aulas sem a realização dos exames pode expor tanto professores e alunos.
Resposta
Em nota, a gestão Bruno Covas (PSDB) informou que o objetivo da testagem nos servidores da rede municipal de educação é a de realizar um mapeamento da situação sorológica, como apoio nas ações para controle da disseminação do vírus entre os profissionais da rede municipal de ensino.
“A realização do teste sorológico é indicada para os indivíduos que estejam assintomáticos. Porém, caso um servidor esteja sintomático no momento da coleta, deve ser encaminhado a uma UBS para avaliação clínica e realização do RT-PCR”, afirma a nota.
Questionada a respeito do monitoramento, a prefeitura informou que, assim como qualquer munícipe, os servidores da educação entram na rede de saúde para acompanhamento pela rede de atenção básica.
A gestão Covas defende que os testes são importantes para avaliar a resposta imunológica do organismo à infecção. Com isso, a dosagem dos anticorpos IgG e IgM podem ajudar no diagnóstico da doença.
Questionada, a prefeitura não informou quantos servidores foram encaminhados para realização de RT-PCR nas UBSs (unidades básicas de saúde).
A respeito da reivindicação do Sindsep, que defende a testagem por RT-PCR, a prefeitura diz que o exame é realizado conforme estabelece o protocolo de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Tal protoco, indica que o exame é destinado apenas para aqueles que apresentarem sintomas, e que a a testagem sorológica está sendo realizada em pessoas assintomáticas.