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Cidade de São Paulo escalona vacinação contra Covid-19 para quem tem mais de 50 anos

Segundo a prefeitura, medida é uma forma de evitar filas nos postos de imunização; veja calendário

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo divulgou nesta terça-feira (15) o novo calendário de vacinação contra a Covid-19 na capital com as datas escalonadas. Em vez de realizar a vacinação das pessoas de 50 anos ou mais a partir da próxima quarta-feira (16), como prevê o cronograma divulgado pelo governo do estado no domingo (13), o calendário prevê que esse grupo seja imunizado até o próximo sábado (19).

Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça no teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou não se tratar de adiamento do calendário mas sim escalonamento. "Nós vamos receber as vacinas de forma fracionada e não de uma vez só", disse.

Apesar disso, ele garantiu que todas as pessoas maiores de 18 anos moradoras da cidade de São Paulo serão vacinadas até o dia 15 de setembro, como prevê o cronograma do estado.

O motivo do escalonamento das datas, segundo a prefeitura, é para evitar filas nos mais de 600 pontos de vacinação da cidade de São Paulo. Isso porque os moradores da cidade de São Paulo com 50 anos ou mais somam 1,7 milhão de pessoas. Esse modelo será adotado até o 15 de setembro, segundo Nunes.

Com escalonamento as datas de vacinação ficaram da seguinte forma:

  • 58 e 59 anos: 14 e 15 de junho (segunda e terça-feira);
  • 56 e 57 anos: 16 de junho (quarta-feira);
  • 54 e 55 anos: 17 de junho (quinta-feira);
  • 52 e 53 anos: 18 de junho (sexta-feira);
  • 50 e 51 anos: 19 de junho (sábado)

Na segunda e terça-feira da semana que vem, dias 21 e 22, será feita uma repescagem. Nesse sistema, todas as pessoas com 50 anos ou mais que não puderam tomar a vacina da data programada poderão procurar os postos de saúde.

O secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido, afirmou o que o governo estadual garante o envio das doses para esta semana. "O escalonamento facilita para não termos aglomerações", afirmou.

Só nesta terça-feira está previsto o envio de 180 mil doses da AstraZeneca. Nos próximos dias, são esperadas remessas de mais imunizantes.

“Nós vamos receber as vacinas do estado de forma fracionada, não vamos receber o lote inteiro de 1,5 milhão vacinas. Como normalmente, no primeiro e segundo dia, há uma procura muito grande das pessoas, nós teríamos na quarta-feira essas pessoas procurando a nossas unidades de saúde. Então fizemos essa divisão e faremos ao longo de todo processo de vacinação anunciado pelo estado até o dia 15 de setembro", explicou Aparecido.

Ele disse ainda que o escalonamento não proíbe que a pessoa tome a vacina antes, porém, orientou que o cronograma seja respeitado. Segundo afirmou, a pessoa poderá tomar a vacina após a data indicada, tal como acontece com os idosos. "Recebemos até hoje idosos do primeiro grupo", afirmou o secretário.

Previsão é vacinar 1,45 milhão de pessoas

Até esta terça-feira (15) estão sendo vacinadas cerca de 140 mil pessoas de 58 anos a 59 anos, em campanha iniciada na segunda. “Agora, é uma população economicamente ativa, então são pessoas que vão deixar de trabalhar um período para poderem se vacinar”, Aparecido.

Até o próximo sábado, a previsão é de imunizar 1,45 milhão de pessoas, o maior grupo até agora. A imunização na cidade de São Paulo começou no dia 19 de janeiro e, até agora, foram aplicadas 5.648.085 doses de vacina contra a Covid-19, numa média diária de 38.422 doses. As 1.452.887 doses a serem aplicadas até o sábado, o que corresponde ao número de pessoas de 50 anos a 57 anos, corresponde a uma média de 363.422 ao dia.

Até agora, segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o recorde de vacinação diária foi de 130 mil doses, o que corresponde a 35,7% da média diária prevista até o próximo sábado (19).

Essa grande demanda levou a prefeitura a organizar a fila nos pontos de vacinação da capital. Com isso, criou a página na internet "De olho na fila", que está sendo chamada de "filômetro". Nela, as pessoas poderão verificar todos os pontos de vacinação disponíveis na cidade de São Paulo e se eles estão sem fila, com pouca, média ou grande fila.

VEJA AQUI COMO PESQUISAR A SITUAÇÃO DAS FILAS DE VACINA

Apesar de não anunciar nenhum novo ponto de vacinação, Aparecido afirmou não ser necessário, por ora, reforçar as equipes ou ampliar a quantidade de postos existentes.

Painel Covid

Também nesta terça a Secretaria Municipal de Saúde lançou o Painel Covid. Trata-se de um detalhamento dos indicadores da pandemia na cidade de São Paulo. Ele traz dados tais como casos de Covid-19, de síndrome respiratória aguda grave, de mortes, vacinação e ainda o mapeamento detalhado de cada um dos distritos e subprefeituras da capital. É possível ainda analisar a média móvel.

Trata-se de um aprimoramento dos boletins publicados diariamente pela prefeitura. "Sob o ponto de vista da transparência ativa é bastante importante", afirmou Aparecido.

A divulgação do painel ocorre dias após a divulgação de dois estudos que detalharam os casos de Covid-19 na cidade de São Paulo. Em ambos, os dados foram obtidos pelos pesquisadores após pedidos atendidos via LA (Lei de Acesso à Informação).

Um deles apontou que a vacinação contra a Covid-19 foi menor em locais com mais mortes em São Paulo. Denominado “Prioridade na vacinação negligencia a geografia da Covid-19 em São Paulo”, ele produzido por pesquisadores do LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade), da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP.

Outro estudo, "Trabalho, território e Covid no município de São Paulo", este produzido pelo Instituto Pólis e que também recorreu aos dados via LAI, indica que entre as atividades ocupais que mais registram mortes por Covid-19 na cidade de São Paulo entre março de 2020 e março deste ano estão as empregadas domésticas, pedreiros e motoristas de táxi e aplicativo.

mapa da vacinação e de mortes por covid em SP - arte agora

Cinquentões ansiosos

Algumas pessoas com menos de 58 anos foram até o posto de vacinação montado no teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro (zona sul de São Paulo), na manhã desta terça-feira, para saber se já havia chegado a sua vez de tomar a vacina contra a Covid-19.

Uma delas foi Augusto Angelo de Jesus, 57 anos. “Eu faço aniversário em 10 de outubro. Mas já vim agora né? Vai que podia”, disse. Ele ficou feliz ao saber que poderia voltar no dia seguinte para tomar a primeira dose do imunizante.

O pintor Joaquim Francisco de Jesus, 52 anos, ficou frustrado ao saber que a mensagem via WhatsApp estava errada. “Tá aqui ó [mostrando a tela para a reportagem]. Os irmãos da igreja que me mandaram. Já está valendo”, disse.

Alguns ficaram bravos ao saberem que esta terça não era dia de vacina. Foi o caso da dona de casa Maria das Neves, 54 anos. “O Dória [governador João Doria] falou e eu já vim, ué. Aí chega aqui e não tem. Um fala uma coisa, outro fala outra”, criticou. Pelo escalonamento, quem tem 54 anos será vacinado na quinta (17).

A ansiedade pela vacina é tamanha que levou até o ajudante de caminhoneiro Mario Pereira, 44 anos, descer do caminhão em que estava, ir até a atendente do posto e perguntar quando poderá se vacinar. “É que a gente fica esperançoso, né?”, afirmou.

Outros que conseguiram a vacina não escondiam a felicidade. O administrador Sérgio Palomino, 59 anos, disse estar aliviado e ao mesmo tempo preocupado com aqueles que ainda não puderam tomar vacina.

De olhos vermelhos pelas lágrimas que escorriam em sua face, a assistente de planejamento Mariana Cervi dos Santos, 34 anos, contou estar muito emocionada por ter recebido a dose. Integrante do grupo de comorbidades, ela disse ter lembrado da dificuldade enfrentada por todos na pandemia. “Afeta todo mundo, a nossa mente, rotina. Então, é um alívio”, disse.

Demonstrando um misto de surpresa e alegria, o diretor comercial Felipe de Souza Castro, 33 anos, afirmou que nem sabia que tinha direito a tomar a vacina. Hipertenso, precisou ir ao médico nesta segunda-feira (14). No consultório, sua médica ficou sabendo que ele tinha direito ao imunizante. “Nunca fiquei tão feliz de ser hipertenso. Eu faço tratamento faz muito tempo. Eu estava tão alienado nesse sentido das comorbidades e estava pensando que ia demorar muito devido a minha idade, mas tive essa surpresa”, disse.

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