Profissionais de saúde contam em exposição como sobreviveram à contaminação por Covid-19
Material está na estação Santa Cruz da linha 5-lilás do metrô de São Paulo
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Até o dia 30 deste mês, quem passar pela estação Santa Cruz, na linha 5-lilás do metrô de São Paulo, poderá conferir a exposição “A Gente Cuida Um Do Outro”, que conta, por meio de textos, fotos e podcasts, a história de 19 dos cerca de 200 profissionais de saúde do HSPE (Hospital Servidor Público Estadual de São Paulo). Eles venceram a batalha contra a Covid-19 sob os cuidados dos próprios colegas de profissão com quem trabalham diariamente.
A ideia surgiu inicialmente para comemorar o Dia Mundial do Enfermeiro, celebrado no dia 12 de maio, mas ganhou uma importância maior. Tanto que o objetivo da exposição era o de homenagear esses profissionais e tentar mostrar o exato momento em que um tratamento ultrapassa a relação entre os cuidadores e o paciente. Mas, acabou dando voz às silenciosas histórias desses profissionais da enfermagem do hospital que foram internados com coronavírus.
Uma dessas 19 vozes foi do enfermeiro Aluizio Thomé, 52 anos, profissional há 30 anos, 15 deles dedicados no HSPE. Thomé ficou internado durante 23 dias e em 11 deles ficou intubado.
Ele conta que foi cuidado inicialmente pela enfermeira Tatiane Pinheiro, depois pela técnica de enfermagem Gisele Faria Alonso. No entanto, seu caso era gravíssimo. Tanto que chegou a ficar com os pulmões 95% comprometidos no período de tratamento. Agora, já vacinado com as duas doses, Thomé relembra que recebeu a notícia de sua contaminação quando ainda estava trabalhando na emergência do hospital, justamente na área da Covid-19.
“Senti dor nas articulações do joelho, mas não imaginava que pegaria o vírus, tanto que tomei um medicamento e voltei à minha rotina”, contou. “Mas como a dor não passava, fiz exames e inicialmente fiquei afastado por cinco dias, mas, ao voltar ao trabalho, não teve jeito, fui internado”, enfatizou.
Thomé esteve inconsciente, mas sabe exatamente como foi tratado no período. “Sei que sou muito querido no hospital”, disse. “Sei também que quando cuidamos de quem conhecemos é o mesmo que se dedicar a um parente”, completou. “Minha missão agora é continuar cuidando de mim e dos pacientes com a mesma dedicação e carinho com que fui cuidado”, finalizou.
Foi justamente esta mensagem que Amanda de Ornelas Carvalho, diretora de enfermagem do Hospital do Servidor e membro da comissão organizadora da exposição, quis passar com a exposição. Ela afirmou que a forma de homenagear os 2.000 profissionais de enfermagem no Servidor foi contar a história de uma parte “desses cuidadores de gente” do hospital que, com ajuda dos colegas, venceram a Covid-19. “Queríamos falar da importância de cuidar de quem cuida”, disse. “E cuidar de alguém é uma grande missão e quando quem cuida também precisa de atenção, é ainda mais especial”, ressaltou.
Para Amanda, a exposição é um grande presente não só para que os profissionais da saúde do hospital se sentiram reconhecidos, mas também para toda a profissão. “Cuidar é esbarrar na vida do outro”, finalizou. As fotos da exposição são do fotógrafo Mario Castello.