Decreto prevê a retomada de feiras, congressos e eventos na cidade de São Paulo
Norma veta festas; participantes devem estar imunizados com ao menos uma dose de vacina contra a Covid-19
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Um decreto assinado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e publicado no último sábado (24) no “Diário Oficial da Cidade” prevê a retomada de feiras, congressos, convenções e outros eventos na cidade de São Paulo.
O documento colocou duas condições para a retomada desses tipos de atividades: se a cidade atingir a marca de 80% da população elegível com ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19, e impõe que os participantes devem comprovar que tomaram ao menos uma dose do imunizante. Festas estão de fora dessas liberações, segundo o decreto.
A decisão da prefeitura vai na contramão do que o governo estadual está fazendo, que é liberar todos os tipos de eventos apenas após a avaliação de uma série de cerca de 30 eventos-testes a serem realizados até o final deste ano.
O primeiro deles foi a Expo Retomada, realizado no dia 21 de julho, em Santos, no litoral paulista. A exposição contou com 1264 visitantes únicos em dois dias e 240 profissionais contratados para a organização do evento. Foram registrados apenas dois casos positivos, durante a testagem em massa.
Dados apr0esentados nesta quarta-feira (28) pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) indicam que a cidade de São Paulo alcançou a marca de 80,9% de adultos imunizados com ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19.
A marca foi divulgada em coletiva de imprensa organizada pelo palácio dos Bandeirantes para anunciar uma nova fase do Plano São Paulo, que entrará em vigor a partir do 1º de agosto e se estenderá até o dia 16. Ele prevê que os estabelecimentos possam funcionar até 0h e com 80% de sua capacidade.
Dia 16 de agosto foi a data definida para que toda a população maior de 18 anos esteja vacinada com a primeira dose. Na fase atual do plano estadual, que vigora até o dia 31, a prevista para que isso viesse a acontecer era no dia 20 de agosto.
Imunização
Integrante do Centro de Contingência do Coronavírus do governo do estado de São Paulo, o infectologista da USP Marcos Boulos afirma que atualmente o cenário está muito melhor do que o que era visto nos meses de março e abril. Porém, lembra que, além do número de casos ainda ser muito alto, há a transmissão da variante delta do novo coronavírus.
“Acompanhamos o que está acontecendo na Europa e nos EUA por conta dessa variante delta. Essa retomada precisa ser feita com muita cautela”, pondera.
Segundo ele, a melhora é creditada a dois fatores: cobertura vacinal e ao grande número de pessoas infectadas, “que não irão se reinfectar no curto prazo”, segundo diz.
Boulos diz que a população precisa entender que antes e mais nada a crise é sanitária. “A economia sofre consequências da crise sanitária. Certamente controlando a parte sanitária, a econômica também irá acompanhar essa melhora”, afirma.
Para o infectologista, caso sejam feitos eventos, eles precisam seguir o modelo do que ocorreu em Santos. “Esse evento foi muito interessante, pois teve uso de máscara e respeito ao distanciamento, com lotação controlada”, avalia Boulos.
Professora de doenças infecciosas e parasitárias da universidade Mackenzie, Camila Sacchelli enfatiza que espaços com muitas pessoas não são adequados nesse momento, pois a imunização completa só acontece com as duas doses.
“Estudos feitos em outros países mostram que a primeira dose traz uma redução do número de casos graves e mortes, mas não reflete a segurança necessária. É preciso acelerar a vacinação com a segunda dose”, afirma a docente.
Ainda de acordo com ela, o avanço da vacinação se deu entre maio e junho. Dessa forma, as pessoas vão receber a segunda dose entre agosto e setembro. “O ideal seria esperar mais um ou dois meses para que mais pessoas recebessem a segunda dose antes da retomada de eventos em locais fechados e com muita gente”, disse a especialista em doenças infecciosas.