Acesso limitado de pessoas, exames para todos os participantes, assentos demarcados, higienização constante, obrigatoriedade do uso de máscaras e álcool em gel foram alguns dos protocolos que tiveram de ser seguidos pelo público participante do primeiro evento-teste realizado no estado de São Paulo, que teve início nesta quarta-feira (21), em Santos.
A cidade do litoral escolhida para receber o Expo Retomada, uma feira de negócios que reúne cerca de 40 expositores ligados aos setores de evento e turismo, além de empresas, entidades e fornecedores, já vacinou mais de 80% de sua população economicamente ativa com a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
A feira, que ocorre até esta quinta-feira (22), servirá como modelo para que outros 30 eventos-teste sejam feitos no estado de São Paulo até o final deste ano.
“O propósito deste evento é testar exaustivamente todos os protocolos de saúde que possam contribuir para que a gente consiga realizar eventos de negócios de forma segura”, afirmou o idealizador e um dos organizadores da Expo Retomada, Fernando Lummertz, se referindo aos procedimentos usados com base em determinações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Embora a feira seja privada e sua organização não tenha interferência direta do governo estadual, integrantes da gestão João Doria (PSDB) monitoram de perto a realização da Expo Retomada para avaliar os seus resultados e propor ajustes em outros eventos.
O Santos Convention Center possui uma área construída de 30 mil metros quadrados e capacidade de comportar até 7.000 pessoas de forma simultânea. Apesar disso, só poderá receber um total de 1.500 pessoas durante os dois dias de evento. E, ainda assim, divididas em quatro etapas, fazendo com que cada uma delas, abrigue, no máximo, 375 pessoas de forma simultânea.
Durante toda a manhã e até por volta das 16h desta quarta-feira a reportagem testemunhou que profissionais limpavam exageradamente corrimões, cadeiras onde as pessoas se sentavam, além de retirar o pó de carpetes.
Os participantes também respeitaram as regras durante este período, mantendo distanciamento e usando máscaras de proteção.
A exceção ocorria na área de alimentação, além de um caso isolado, de uma mulher fazendo live no celular, sem usar o item de proteção, por volta das 15h30. Neste momento, um funcionário do evento se aproximou dela, que ainda tentou argumentar “que estava longe das pessoas”. Por fim, ela colocou a máscara, mas reclamando.
Em alguns pontos do evento há marcações no chão, para evitar que as pessoas se aglomerem e caminhem em direções contrárias, como em uma estrada.
Cotonete no nariz
Assim como os demais participantes, a reportagem também obedeceu a todos os protocolos para poder participar do primeiro evento-teste no estado.
Os protocolos começam a ser aplicados antes mesmo da ida das pessoas ao Santos Convention Center. Para poder participar da feira, os interessados devem obrigatoriamente responder a um questionário pela internet, onde precisam autorizar que seus dados sejam usados em um estudo a ser realizado pelo governo estadual.
No prédio, deve-se responder a um outro questionário e dizer se está ou não com sintomas da Covid-19.
Em seguida, é necessário se submeter ao exame e esperar 20 minutos pelo resultado. Se aprovado, ainda a temperatura é aferida.
Dentro do pavilhão, deve-se escolher uma das cadeiras distantes umas das outras e, em hipótese alguma, promover aglomerações.
As regras precisam ser seguidas até depois do evento, já que cada participante será monitorado durante 14 dias e precisa fazer novo teste de Covid se for sorteada para isso.
Repercussão
O excesso de rigidez no cumprimento de protocolos sanitários, incluindo a limpeza constante do ambiente, foi aprovada, com ressalvas, por expositores.
“Seguir protocolos sanitários não é um problema. O problema é ficar sem trabalhar. Mas a dinâmica usada aqui [Santos] pode não dar conta do fluxo de públicos em bienais e eventos de grande porte”, afirmou o empresário Pedro Luís Torrano, que há 25 anos monta estandes em feiras de negócios.
Antes da pandemia, em março do ano passado, sua empresa montava estandes, por mês, em aproximadamente 20 eventos. Com a chegada do coronavírus as atividades da empresa pararam 100%.
“Pensamos que a pandemia iria durar uns três meses, mas estávamos errados”, afirmou, acrescentando que, por causa disso, precisou enxugar o quadro de funcionários em 50%.
Também especializada na montagem da estrutura para eventos, a empresa onde a consultora de vendas Luana Costa trabalha vou seus rendimentos caírem 90%.
Favorável à dinâmica usada no evento de Santos, ela acrescentou que o fato da empresa atuar em outras linhas, como na venda de carpetes automotivos, contribuiu para deixar as contas equilibradas.
Também impactados negativamente pela pandemia, comerciantes da Ponta da Praia, onde ocorre a exposição, sentiram as vendas aumentarem desde a segunda-feira (19), quando a feira era montada.
“Em dias bons, consegui vender 30% do que era comercializado antes da pandemia. Mas desde segunda, quando começou a chegar gente para a exposição, passamos a vender 40%”, afirmou Fernanda Ruiz Pontes Carvalho, dona de um restaurante ao lado do Santos Convention Center.
“Torço para que dê tudo certo e ocorram mais eventos. Isso nos dá esperanças de que as coisas podem começar a melhorar”, afirmou.
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