Descrição de chapéu Coronavírus

Primeiro evento-teste do governo de São Paulo é realizado em Santos para definir protocolos

A previsão é que outros 50 encontros corporativos sejam realizados até o fim do ano

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Santos

O primeiro evento-teste do estado de São Paulo para definir os protocolos de segurança sanitária para realização de feiras de negócios em meio a pandemia começou nesta quarta-feira (21) em Santos (72 km de São Paulo).

A secretária estadual de Desenvolvimento Econômico Patrícia Ellen da Silva afirmou, em um vídeo transmitido na abertura da Expo Retomada, que o estado de São Paulo pode contar com até 50 eventos teste até o fim do ano.

Vista geral do primeiro evento-teste, realizado no Santos Convention Center, em Santos (SP), para definir os protocolos sanitários de eventos corporativos - Rubens Cavallari/Folhapress

A cidade do litoral paulista foi escolhida pela gestão João Doria (PSDB) pelo fato de já ter vacinado com a primeira dose por volta de 80% de sua população economicamente ativa, segundo a Prefeitura de Santos.

Para participar da Expo Retomada, no Santos Convention Center, todos os participantes precisaram responder a um questionário pela internet, relacionado à Covid-19, além de autorizar que seus dados sejam usados em um estudo a ser realizado pelo governo estadual logo após o evento.

Após acessar ao prédio do evento, no bairro Ponta da Praia, os participantes usaram um QR Code para abrir mais um questionário, no qual foram feitas perguntas relacionadas a eventuais sintomas compatíveis com a Covid--19. Nenhuma pessoa havia sido barrada, nesta primeira etapa de acesso, até a publicação desta reportagem.

Em seguida, 20 profissionais da saúde, em mesas com distanciamento, realizaram testes rápidos para detectar eventuais pessoas infectadas com o coronavírus. O resultado dos testes demorou cerca de 20 minutos para ser concluído, sem identificar nenhum caso positivo até por volta do meio-dia.

Na sequência, os participantes precisaram novamente usar um QR Code, no celular ou crachá impresso, para liberar suas entradas — monitoradas por um funcionário do evento que, usando um óculos captador de calor corporal, verificava se as pessoas estavam com até 37,5ºC de temperatura, limite para poder entrar no centro de convenções. Dentro do centro de exposições, os participantes mantiveram distanciamento.

“O propósito deste evento é testar exaustivamente todos os protocolos de saúde que possam contribuir para que a gente consiga realizar eventos de negócios de forma segura”, afirmou o idealizador e um dos organizadores da Expo Retomada, Fernando Lummertz, se referindo aos procedimentos usados com base em determinações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Isso se estendeu para as cerca de 100 pessoas que também trabalharam na montagem da estrutura do evento, pois todas foram testadas e, da mesma forma que o público de 1.500 pessoas previsto para os dois dias de evento. Todos serão monitorados por duas semanas.

Um auxiliar de limpeza testou positivo para o coronavírus dias antes do evento, segundo o organizador, e é mantido em quarentena, sendo o único caso positivo testado até o momento, desde o processo de organização da exposição.

Lummertz disse ainda que, durante os 14 dias posteriores ao encerramento do evento, serão enviados aos participantes e-mails, mensagens de texto por celular e telefonemas. Até mesmo um aplicativo ficará disponível para que perguntas, relacionadas a eventuais sintomas da Covid-19, sejam respondidas.

“Serão perguntas curtas, enviadas de dois em dois dias, ou de três em três dias. Aí, por autodeclaração o participante dirá como está se sentindo depois do evento, até que terminem os 14 dias do chamado período de incubação.”

Além do monitoramento de duas semanas, após o evento, Lummertz acrescentou que 450 testes serão aplicados de forma aleatória, a partir da próxima segunda-feira (26), no público participante da feira como expositores, visitantes e montadores.

“Essa re-testagem é muito importante pois ela determina, depois de quatro dias, se alguém se contaminou durante o evento”, explicou o idealizador do evento.

Os dados coletados com os participantes dos eventos, incluindo o de Santos, serão usados para junto com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) no desenvolvimento de um relatório que será enviado ao governo estadual, para a eventual liberação de eventos de negócio em São Paulo.

Sobre a adesão dos participantes do evento, para que respondam aos questionários relacionados ao coronavírus, Lummertz está otimista.

A grande adesão vislumbrada, segundo o idealizador da feira do litoral, resulta do comprometimento dos participantes, que querem voltar às suas rotinas de trabalho, organizando eventos. “O pessoal está atento, engajado, precisando que o setor volte e, por isso, vão responder ao questionário com muito prazer.”

O setor, segundo Lummertz, está ciente que o vírus veio para ficar. “A proximidade com a normalidade vai ocorrer quando a maioria da população estiver vacinada e, até lá, precisamos aprender a conviver com a pandemia. Não sabemos quando ela vai terminar.”

Armando Campos Mello, ex-presidente e representante da Ubrafe (União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios) e do Sindprom (Sindicado das Empresas de Promoção e Organização de Eventos) afirmou que, antes da pandemia, ocorriam no país cerca de 2.000 eventos de negócios, sendo 1.200 de agronegócio e 800 ligados à indústria, comércio e serviços. Isso, porém, praticamente zerou desde março do ano passado, por causa do coronavírus.

“Para setembro, outubro, novembro e dezembro esperamos realizar ao menos 50 feiras de médio porte no estado de São Paulo. E esperamos voltar a ter entre 800 e mil e eventos anuais a partir de 2022. Nosso objetivo é apresentar o calendário previsto para 2020 e tentar o realizar no próximo ano”, projetou.

A chefe de sessão da Secretaria de Turismo de Santos, Ana Kader, afirmou que a pandemia fez o setor se repensar para respeitar protocolos sanitários.

“Cuido do bondinho, que voltou a circular na cidade em 1º de julho. Para evitar aglomerações, que antes eram bem-vindas, aumentamos a quantidade de viagens, para compensar o menor número de passageiros que embarcam, que agora são uns 60% do que eram antes”, afirmou.

Ela está otimista para a retomada dos negócios e acredita que o evento-teste vai ajudar para que isso ocorra de forma segura.

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