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Voltaire de Souza: O homem que virou sardinha

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Voltaire de Souza

Vendas. Consumo. Abastecimento.
O sistema de delivery é um sucesso.
O sr. Varela não conseguia acreditar.
—Chega tudo aqui em casa. Fantástico.
Ele se lembrava do passado.
—No meu tempo, nem supermercado tinha.
A memória voltava aos anos 60.
—Lembro quando abriram o primeiro Peg-Pag.
O avô do Pão de Açúcar e do Barateiro.
—Antes, era só o empório.
Os produtos ficavam num armário. O cliente ia pedindo.
—Duas latas de sardinha… Uma de massa de tomate.
Varela dominava o computador.
—Com esse negócio de Covid, eu é que virei sardinha.
Era triste o seu sorriso.
—Fiico preso na lata.
O serviço de entregas MotoFast fazia a promessa.
—Se atrasar dez minutos, o cliente não paga.
Varela resolveu experimentar.
—Duas latas de sardinha.
O cartão confirmou o pagamento.
Tocou o interfone.
—Nossa. Já?
Um homem gordo estava na porta.
Bigode. Tamancos. O lápis na orelha.
—Mas… esse é o José Maria…
Do velho empório Flor do Alentejo.
—Ó xiur Vreula… cumu táin ixtado?
A visão desapareceu.
Varela foi para o gavetão do crematório.
O fato é que motoqueiros vivem na correria.
Mas, por vezes, o passado chega mais depressa.

Vendas. Consumo. Abastecimento. O sistema de delivery é um sucesso. - Unsplash

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