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Criança deixada dentro de carro morre no interior de SP; suspeita, babá é presa

Câmera registrou garoto batendo no vidro do veículo, onde permaneceu por mais de três horas

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São Paulo

Uma babá de 35 anos foi presa em flagrante suspeita de deixar um garoto de 2 anos dentro de um carro, por pouco mais de três horas, na tarde de quarta-feira (25), em Bauru (329 km de SP). A criança morreu.

A mulher afirmou à polícia que deixou Arthur Oliveira dos Santos no veículo, para onde pretendia "voltar logo". Lucas Formiga Hanada, advogado de defesa de Gláucia Aparecida Luiz disse que que entrará com um pedido de liberdade provisória ainda nesta quinta-feira (26).

"As alegações da causa da morte do menino Arthur que estão sendo veiculadas pela mídia ainda são, neste momento, superficiais, meras suposições da imprensa", diz trecho de nota, se referindo ao fato de ainda não estarem prontos os laudos periciais da Polícia Científica.

O menino Arthur Oliveira dos Santos, 2 anos, morreu na quarta-feira (25) após ser deixado trancado dentro de um carro em Bauru, no interior de São Paulo - Arquivo pessoal

Uma câmera de monitoramento mostrou a babá chegando com seu GM Celta preto, às 13h45, no bairro Parque Olímpico, com o menino dentro. Ela parou o carro em frente à sua casa, onde cuida de outras crianças. Em seguida, entrou no imóvel, deixando Arthur no veículo.


Às 14h13, a câmera registrou o menino batendo no vidro da porta dianteira de passageiro. Depois, ele volta para o banco traseiro.

De acordo com as imagens, às 16h22 a babá passa ao lado do veículo carregando um saco, mas não para. Ela retorna às 16h51, quando abre o carro, retira a criança e a leva para dentro de sua casa. Instantes depois, volta com Arthur para o Celta e sai do local.

A mulher, segundo a polícia, levou Arthur até a UPA Geisel/Redentor, onde a criança já chegou morta. De acordo com relato da equipe médica no boletim de ocorrência, o menino tinha sinais de desidratação. Ainda segundo a polícia, a babá foi embora após deixar o menino na UPA.

Com a chegada da polícia à unidade de saúde, os pais de Arthur, assim como a babá, foram procurados e levados ao plantão da Polícia Civil.

Depoimento

Na delegacia, a mãe de Arthur, uma operadora de telemarketing de 25 anos, afirmou que a babá teria dito a ela correr para o hospital, onde o filho havia sido internado. A mãe do garoto soube que o menino estava morto à chegar na unidade de saúde.

Antes de a polícia ter acesso às imagens da câmera de monitoramento, a babá disse, segundo consta em boletim de ocorrência, que cuidava ao todo, contando com Arthur, de quatro crianças. A polícia investiga há quanto tempo a mulher prestava o serviço à família da vítima.

A babá afirmou em depoimento à polícia ter deixado a janela do carro entreaberta, mantendo Arthur no veículo o tempo suficiente para ela trocar a fralda de outra criança. "Devido ao atraso, quando chegou ao local [carro], avistou Arthur já desfalecido", diz trecho do documento policial, acrescentando que a criança já estaria com a boca roxa.

O delegado Eduardo Herrera dos Santos afirmou ao Agora que, com base nas provas já coletadas, a polícia pediu a prisão preventiva (por tempo ideterminado) da suspeita. Por enquanto, ela continua presa em flagrante. Procurada, a Justiça não se manifestou até a publicação desta reportagem.

"Constatamos que a criança foi deixada no interior do veículo. Nosso trabalho de campo encontrou as imagens [que mostram a dinâmica do crime]", afirmou o delegado, acrescentando que a Polícia Civil agora investiga se o crime foi uma fatalidade ou se contou com algum tipo de motivação.

A polícia aguarda resultados de laudos periciais para saber a causa e momento da morte do menino.

A babá foi indiciada em flagrante por homicídio simples.

"Por derradeiro, a defesa repassa as condolências e mais sinceros pêsames de Gláucia e de sua família para os familiares do menino Arthur, principalmente porque nunca houve a intenção de ocasionar tal resultado", diz a nota do advogado de defesa da babá.

Lembrança do pai

O auxiliar de produção Fabrício Lucas dos Santos, 28 anos, afirmou ao Agora, nesta quinta, acreditar na versão dada pela babá. "Ela me disse [depois da morte] que o Arthur ficou só 15 minutos dentro do carro. Esse vídeo [apreendido pela polícia] não vi. Mas se ela estiver mentindo, acredito na Justiça de Deus, que não falha", afirmou.

Ele acrescentou que o laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal) apontou asfixia como a provável causa da morte da criança.

"A última lembrança do meu filho vivo foi dele meio com sono, na manhã de ontem [quarta] quando eu estava saindo para o trabalho. Ela era uma criança forte, saudável. Sentiremos muita falta dele", disse ainda o pai de Arthur.

O auxiliar afirmou que Arthur se divertia ajudando em faxinas na casa e também na lavagem do carro da família. "Para ele tudo era brincadeira. Sempre pedia para ajudar nas coisas de casa e também usava panelas e tampas para brincar", relembra o pai do menino.

Arthur Oliveira dos Santos seria sepultado por volta das 14h30 desta quinta no cemitério de Macatuba (301 km de SP).

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