Número de motoristas pegos no bafômetro volta a crescer em SP
Aumento ocorre juntamente com a flexibilização dos serviços e comércio no estado na pandemia
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O número de motoristas flagrados pelo bafômetro voltou a crescer no estado e na cidade de São Paulo em 2021. Segundo dados do Detran, 4.973 pessoas foram pegas pelo bafômetro nos sete primeiros meses de 2021 no estado, contra 3.050 flagradas no mesmo período do ano passado. Na capital, o aumento foi de 52%, passando de 952, em 2020, a 1.452 neste ano.
Os números apontam uma sincronia com os períodos mais rigorosos da pandemia, assim como com a flexibilização que aconteceu nos últimos meses.
Entre março e abril, por exemplo, houve uma queda na capital, tendo sido registrados, respectivamente, 149 e 121 flagras a motoristas alcoolizados.
Já em junho e julho os números deram um salto e chegaram a 215 e 260. Para fazer um comparativo, em julho de 2019, numa realidade pré-pandemia, a cidade de São Paulo registrou 296 motoristas autuados.
O capitão Fernando Vicentin, do comando de Policiamento de Trânsito da PM de São Paulo, aponta que a corporação deixou de fazer grandes blitzes durante o período mais intenso da pandemia e que, agora, a população parece ter esquecido da chamada Lei Seca e da fiscalização.
“Com as restrições causadas pela pandemia, as pessoas ficaram mais em casa e o fluxo de carros nas ruas diminui. Assim, passamos a realizar ações em pontos estratégicos, operações de visibilidade, testes em motoristas envolvidos em acidentes, mas não mais aqueles bloqueios com 15 ou 20 carros. Foi uma reinvenção para se adequar à nova rotina da cidade e também para proteger os policiais”, explica Vicentin. “Agora, com o avanço da vacinação, da flexibilização e queda do rodízio noturno as pessoas estão retomando suas atividades de lazer e nós à rotina de fiscalização mais intensa”, completa.
Frederico Pierotti, presidente do Cetran (Conselho Estadual de Trânsito), também acredita que a retomada das atividades na cidade contribuiu para o aumento registrado, mas destaca outro aspecto que afirma ser de fundamental importância. “Parte da sociedade ainda não compreendeu os riscos de dirigir após ingerir bebida alcoólica. Não é porque passamos por um período difícil e de restrições causadas pela pandemia que podemos tolerar que as pessoas saiam, bebam e assumam o volante”.
Especialistas reforçam a importância da conscientização da população sobre os perigos de dirigir sob o efeito do álcool e lembram que iniciativas como “o motorista da rodada” ou o uso de carros de aplicativos podem resolver facilmente um problema que pode gerar graves consequências.
Rosan Coimbra, presidente da Comissão de Trânsito da OAB, aponta que o aumento no fluxo de pessoas e carros nas ruas é visível e lembra que até as faixas reversíveis já estão sendo retomadas.
Ele ainda explica que ser pego em uma blitze pode gerar diversas consequências, entre elas a retenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), multa de R$ 2.934,70, suspensão do direito de dirigir por um ano e, dependendo da quantidade de álcool encontrado no organismo, a pessoa pode ser presa e responder a processo na Justiça.
Reflexo da flexibilização
Os especialistas apontam para um comportamento de compensação que veio com o fim das restrições ao funcionamento de serviços e comércios.
“No ano passado tínhamos restrições, saíamos apenas para questões essenciais. As pessoas estavam cansadas de ficarem restritas e, agora, acabam saindo para extravasar, “tirar o atraso”, por isso acabam bebendo demais”, analisa Marcos Boulos, professor da faculdade de Medicina da USP.
Mas essa exposição também levanta outra preocupação. “As pessoas estão se expondo mais a tudo após a queda das restrições que, a meu ver, foi prematura. Provavelmente veremos um aumento exuberante no número de casos de Covid-19 no mês de setembro”, alerta o infectologista.
Para ele, o ideal é que fosse mantido, por exemplo, a restrição no funcionamento de bares até por volta das 19h para evitar as aglomerações que acontecem a partir deste horário.