Estradas paulistas têm 2 chamados por minuto por pane

Concessionárias estaduais receberam 44 mil pedidos de ajuda no último fim de ano

São Paulo

No último fim de ano, dois motoristas tiveram que pedir socorro às concessionárias, a cada minuto, em média, por ficarem parados nas rodovias estaduais pedagiadas de São Paulo. 

O levantamento exclusivo feito pelo Agora, com base em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostra que pneu furado, panes mecânicas ou elétricas e até mesmo a falta de combustível no meio da estrada foram os motivos que levaram quem dirige a buscar ajuda. A falta de uma boa manutenção antes de sair para o feriado pode custar tempo e dinheiro.

ilustração para matéria sobre viagens de fim de ano
Cuidados nas viagens de fim de ano - Arte Agora

Os dados levam em consideração pedidos feitos para os serviços aos usuários de todas as concessionárias de rodovias estaduais, entre 21 dezembro de 2018, uma sexta-feira, e 2 de janeiro deste ano, uma quarta-feira. No período, foram 44.604 chamados por problemas nos veículos.

Coordenador da escola de engenharia da Universidade Mackenzie, Luiz Vicente Figueira de Mello Filho diz que o veículo é subutilizado na cidade, em comparação com a estrada. "Roda com velocidades de 30 a 40 km/h, que não exigem muito. Tem uma pessoa só e é uma condição favorável a não apresentar pane", diz.

"No dia a dia, você não percebe. Só vai perceber na estrada", completa. Ele diz que a manutenção preventiva é sempre a melhor opção.

O servidor Ivan Kuhlmann Nogueira (dir.) com o mecânico Pedro Scopino, avaliando o motor do carro antes de pegar a estrada - Rubens Cavallari/Folhapress

O que mais me preocupa  é a água, afirma motorista

Sempre que vai pegar a estrada, o funcionário público federal Ivan Kuhlmann Nogueira, 56 anos, procura fazer uma manutenção preventiva. Não por acaso, mantém impecável o seu Honda Accord, de 1997.

"O que mais me preocupa é água. O carro ferver na estrada é uma desgraça. Depois motor, pneus e a documentação", diz. Segundo Nogueira, o gasto médio nas revisões que costuma mandar fazer é de R$ 500.

Especialista em manutenção preventiva e proprietário de uma mecânica, Pedro Scopino afirma que a falta de cuidados antes de sair para a estrada pode trazer um grande prejuízo para o motorista, além dos contratempos. Chamar o guincho pode quebrar o orçamento da viagem. "Varia muito, mas, caso a pessoa não tenha seguro, guincho cobra, de saída, R$ 150, mais R$ 10 por quilômetro. Pode ser um negócio caro." 

Concessionárias dão dicas, caso surjam problemas

Caso o inesperado aconteça e o motorista termine com a família à beira da estrada, algumas dicas são essenciais para a segurança.

Coordenador de tráfego da CCR Autoban, responsável pelo sistema Anhanguera-Bandeirantes, João Moacir da Silva diz que é importante estacionar em um posto de combustíveis, base da concessionária ou da polícia, se possível. "Parou no acostamento, tire todo mundo do veículo, busque a proteção atrás da defensa ou barreira metálica e solicite o socorro", afirma.

O aumento no tráfego e a consequente explosão no número de falhas em veículos faz com que as concessionárias reforcem as equipes. A CCR Autoban, por exemplo, cresce de 15% a 20% o quadro de colaboradores nesta época.

Na Ecovias, a novidade será o uso de motos para o apoio, segundo o coordenador de tráfego Felipe Martimiano.

Manutenção preventiva

Leve o carro ao mecânico

  • Custo de duas horas técnicas, sem troca de peças ou grandes intervenções:
  • Carro nacional - R$ 240
  • Carro importado - R$ 320

O que é verificado

  • Desmontagem de freio
  • Reaperto de suspensão
  • Conferência de fluidos de freio e direção
  • Troca de óleo do motor

Socorro na estrada

  • Guincho custa a partir de R$ 150 por chamado, mais R$ 10 por quilômetro rodado
  • Serviço do mecânico varia de acordo com a região


Evite a pane seca

  • Concessionárias das rodovias estaduais receberam um chamado a cada seis minutos, nos últimos feriados de fim de ano, para atender motoristas que ficaram sem combustível no meio da viagem. Cuidado!

Combustível a ser usado

  • Álcool pode ser mais econômico e aumentar a potência, mas perde-se em autonomia
  • Gasolina pode custar mais caro, mas se pode dirigir por mais quilômetros sem parar no posto

Na prática

  • Quando o ponteiro bater na metade do tanque, abasteça no primeiro posto que encontrar pela frente. Congestionamentos, desvios na estrada e erro de rota podem fazer rodar mais

Carro alugado

  • Importante que seja um veículo que o motorista conheça

Peça instruções básicas sobre:

  • como e onde acende o farol
  • onde fica o limpador de parabrisa
  • como regula o banco

Excesso de bagagem

  • Jamais permita que a bagagem encubra o campo de visão do motorista!
  • Respeite o peso máximo suportado indicado no manual do proprietário
  • Se usar bagageiro, coloque um com sustentação forte ou use aqueles que se parecem com uma caixa plástica
  • Excesso de bagagem provoca aumento no consumo e altera a estabilidade

Se o problema surgir na estrada

  • Tente seguir até um local seguro, como pontos de apoio da concessionária, postos de gasolina ou bases da polícia rodoviária

Na impossibilidade, pare no acostamento e:

  • Tire todos os ocupantes de dentro do carro
  • Fique atrás das barreiras metálicas ou de concreto
  • Tenha consigo o telefone do socorro e ligue para a concessionária
  • Use pontos de referência para indicar onde exatamente está, caso não saiba o número do km


Fontes: Felipe Martimiano, coordenador de tráfego da Ecovias, João Moacir da Silva, coordenador de tráfego da CCR Autoban, Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, coordenador da escolha de engenharia da Universidade Mackenzie, e Pedro Scopino, especialista em mecânica
 

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