Aulas na rede estadual de São Paulo vão até 23 de dezembro
Calendário de 2022 prevê recessos no fim de cada bimestre; escolas já recebem 100% dos alunos
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Os estudantes matriculados em escolas da rede estadual de ensino de São Paulo terão de frequentar as salas de aula até o dia 23 de dezembro, antevéspera do Natal. Em 2022, o ano letivo começará no dia 2 de fevereiro.
O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, anunciou as datas durante visita a uma escola da zona sul da capital paulista, na manhã desta quarta-feira (3), no primeiro dia sem restrição de distância ou rodízio de turmas no estado.
Segundo o governo João Doria (PSDB), o ano letivo de 2022 prevê recessos ao final do primeiro e terceiro bimestres. As férias serão mantidas nos meses de julho e janeiro. Também estão previstos dois períodos para recuperação nas férias entre 4 e 21 de janeiro e 11 e 22 de julho.
Calendário 2022
- 1º bimestre: 2 de fevereiro a 14 de abril
- 2º bimestre: 25 de abril a 8 de julho
- 3º bimestre: 26 de julho e 7 de outubro
- 4º bimestre: 17 de outubro a 23 de dezembro
A partir desta quarta-feira, todos os cerca de 3,5 milhões de alunos matriculados na rede estadual paulista devem assistir às aulas presencialmente, exceto estudantes com comorbidades, gestantes ou puérperas.
De acordo com o secretário, caso um aluno não consiga comprovar, com atestado médico, que não pode frequentar regularmente a escola, receberá falta, o que pode acarretar em reprovação caso não atinja o limite mínimo de 75% de frequência.
Na rede municipal de São Paulo, onde também não há mais revezamento, os pais ainda podem optar por mandar os filhos para a escola ou continuar com ensino remoto.
Ainda no âmbito municipal, as aulas também estão previstas para se encerrar em 23 de dezembro. No entanto, não há uma data definida para início do ano letivo 2022, segundo informou a Secretaria Municipal de Educação.
Soares acompanhou pela manhã o retorno 100% presencial dos alunos matriculadas no primeiro e segundo anos da Escola Estadual Jardim Ipê, no Capão Redondo.
Ali, de acordo com o diretor do colégio Fabio Kiss, 40 anos, houve um aumento significativo na presença dos estudantes na manhã desta quarta em relação aos dias anteriores à obrigação do ensino presencial. "Nós já tínhamos uma grande quantidade de alunos com revezamento, cerca de 75%. Hoje [quarta], temos um novo crescimento", disse. Em todo o estado, 85% dos estudantes estavam na sala de aula neste primeiro dia, segundo a Secretaria Estadual da Educação.
A escola tem cerca de mil alunos matriculados. E de acordo com a direção do colégio, apenas dois estudantes apresentaram atestados médicos para não voltar às aulas presenciais.
Em uma das salas, dos 16 alunos regulares, a reportagem constatou que 14 estavam presentes e todos usavam máscara.
O secretário afirmou que continua sendo obrigatório o uso do item de proteção facial e álcool em gel, mas que a comunidade escolar deve seguir monitorando novas ocorrências. Em caso de uma sala registrar duas pessoas com Covid-19 ao mesmo tempo, ela deve ser momentaneamente isolada, com o retorno das aulas remotas.
Soares apresentou, em slides, números que indicam queda na quantidade de casos confirmados de Covid-19 dentro das escolas. Segundo ele, a redução de doentes foi fator primordial para a volta 100% presencial. Os dados da secretaria apontam 1.644 casos da doença em junho, 407 em setembro e 118 casos em agosto.
Soares ainda pontuou que a decisão pelo retorno das aulas presenciais também levou em consideração um outro fator, como a última AAP (Avaliação de Aprendizagem em Processo), que indicou que 40% dos alunos matriculados na rede estadual apresentaram desempenho baixo ou muito abaixo diante aulas remotas ou revezamento, número que classificou como estarrecedor.
De acordo com ele, professores foram contratados para que possam ministrar aulas de reforço com o intuito de melhorar o desempenho, inclusive em turmas de alfabetização.
Questionado sobre evasão, o titular da pasta do governo Doria afirmou que a secretaria não possui ainda estimativas sobre o tema.
Crítica
O retorno das aulas presenciais é criticado pela Apeopesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Em um comunicado em seu site, a instituição classificou como "irresponsável decisão de determinar a volta obrigatória das aulas presenciais, eliminando qualquer distanciamento, num contexto em que o próprio secretário da Educação reconhece que apenas 24% das escolas têm condições de assegurar algum tipo de segurança sanitária".
O secretário criticou o posicionamento da entidade sindical, que, para ele, deveria estar brigando pela volta das aulas. "Ela não está preocupada com educação, com criança, deve ter outros interesses", disse.
O retorno dos alunos às aulas presenciais na rede estadual não é unanimidade entre os parentes dos estudantes, ao menos dos matriculados na Escola Estadual Jardim dos Ipês.
Durante a saída das turmas, por volta das 11h30, todos os responsáveis tinham a temperatura aferida e álcool em gel espirrado nas mãos antes de ingressar na escola para pegar os pequenos.
"Ele ficou um bocado de tempo sem frequentar a escola. Tem que vir para tirar o atraso, disse o carpinteiro Ormindo José Neto, 89 anos, avó de um menino de sete anos, que está matriculado no 2° ano.
A mesma linha de raciocínio é seguida pela dona de casa Andreia Marques, 45, que possui dois filhos matriculados na escola, um menino de oito anos e uma menina de seis anos, e disse não ver problemas em levá-los. "Está normal. Não vejo problema algum."
Por outro lado, há quem tema os riscos, mas não encontra outra alternativa, caso de Eliane Maria da Silva, 37. "Eu não confio, mas fazer o quê? É obrigatório", disse. Ela conta que já teve Covid, assim como seu filho, um menino de seis anos, aluno do 1° ano.
Escola aposta em fazendinha pela retomada
Além das crianças, a escola estadual Jardim dos Ipês ainda conta, desde agosto deste ano, com a presença de animais. Em um recinto dentro da escola está a égua Estrela, o labrador Bethoven, galinhas, coelhos, patos, codornas e hamsters.
De acordo com o diretor Fabio Kiss, a iniciativa foi uma forma de acolher as crianças, já que algumas delas viveram o luto com mortes na família pela Covid-19.
"Muitas crianças tiveram perdas de familiares na pandemia , estavam fragilizadas e esse convívio com os animais faz com que elas fiquem menos ansiosas , se concentram mais dentro das salas de aula, não fiquem tão dispersas".
Kiss afirmou que tem enxergado bons resultados com a experiência. O diretor relatou que a égua foi uma doação, e que os alimentos dos animais também chegam através de doações feitas pela comunidade.