Voltaire de Souza: Equilibrando as contas
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Violência. Assaltos. Repressão.
O crime organizado não descansa.
Em Minas, a polícia se vingou.
Operação mata 26 suspeitos.
Fortemente armados.
O capitão Morretes balançava a cabeça.
—Barbaridade.
O sol da manhã projetava sombras em seu gabinete.
—Coisa inaceitável.
O ordenaça Dorileu estranhou.
—Mas não era para matar mesmo?
Morretes apagou o cigarro no cinzeiro de cristal.
—Tem coisas que eu não admito.
Ele acendeu outro cigarro.
—Como é que o pessoal de Minas está matando mais do que a gente?
Foi organizada uma operação de emergência.
Cinco viaturas no Morro do Caranguejo.
Muitos jovens se reuniam na saída de um grupo escolar.
—Todo mundo agachado aí.
Dorileu ia contando as cabeças.
—Trinta, capitão.
—Excelente.
As execuções se desenvolveram com método. Calma. Organização.
Chegava a vez do Rafael.
—O que é que eu fiz? Injustiça, pô.
—Quanto mais escuro, mais petulante.
O garoto tinha acabado de ganhar uma bolsa para estudar desenho industrial.
Ele não teve tempo de chorar.
A bala perfurou seu cérebro notável. E saiu pelo olho direito.
Lágrimas, por vezes, são feitas de chumbo.