É comum presidentes em começo de governo baixarem medidas provisórias para cortar e criar ministérios. A aprovação no Congresso, depois, geralmente não passa de uma formalidade.
Mas, no caso de Jair Bolsonaro (PSL), foi bem diferente. Tudo começou quando o então candidato adotou a redução de pastas como bandeira de campanha. Seriam apenas 15, com a promessa de conter a burocracia e se diferenciar da conhecida gastança das gestões petistas.
Só que, logo ao assumir, o presidente montou o primeiro escalão com 22 ministros --sete a menos do que havia com Michel Temer (MDB) e bem longe dos 39 de Dilma Rousseff (PT).
O simbolismo do ato serviu de pretexto para que partidos enrolassem o governo antes de aprovar a mudança. Os deputados cobram mais proximidade com o Executivo na discussão de projetos.
A pendenga só foi votada na Câmara dos Deputados na quinta-feira (23). Agora, o texto segue para o Senado --onde precisa ser aprovado até 3 de junho para que não perca a validade.
Apesar da confusa tramitação, o fato é que o corte de pastas em Brasília tem menos importância do que se imagina.
Em primeiro lugar, é ilegal sair por aí demitindo servidores, sem falar da dificuldade prática de interromper grandes ações do governo. Ter menos ministérios, por si só, não gera mais economia.
É só ver o caso do Ministério do Trabalho, que foi "extinto". Funcionários acabaram deslocados para outras pastas, e programas como seguro-desemprego e abono salarial foram abrigados na Economia.
Uma reforma administrativa para valer, que altere funções, carreiras e relações de trabalho no serviço público, é tarefa muito mais difícil.
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