Fora do alvo

Depois de lançar na correria um decreto para facilitar o comércio e o porte de armas de fogo no país, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teve de voltar atrás pelo menos em algumas das regras mais exageradas do texto.

Pelo jeito, ele percebeu a chiadeira geral. Houve reclamação no Congresso, no Judiciário, de governadores e de gente que estuda segurança pública.

Para início de conversa, foi questionado se é possível mexer em regras tão polêmicas por meio de decreto presidencial, que não passa pela votação da Câmara dos Deputados e do Senado. Diante do risco de ver a medida derrubada na Justiça, Bolsonaro recuou.

A principal mudança foi reconsiderar a autorização absurda para que pessoas pudessem portar espingardas, carabinas e fuzis. Ainda assim, a permissão continua valendo para proprietários rurais. Para que eles precisam de fuzis?

O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 25.abr.19/Folhapress

Também houve alterações em outras regras sem pé nem cabeça, como a liberação de prática de tiro por menores de 18 anos. Ela não chegou a ser derrubada, mas ficaram estabelecidas a idade mínima de 14 anos (também muito questionável, é bom dizer) e a exigência de autorização do pai e da mãe.

Nesta quarta-feira (22), em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ministro Sergio Moro, da Justiça, disse que a revisão atende às críticas e "restringe um pouco" a ampliação do porte de armas.

Ao que tudo indica, Moro não foi consultado pelo chefe a respeito do primeiro decreto. Essa ideia de facilitar a circulação de armas, uma promessa de campanha de Bolsonaro, é bastante perigosa.

Seria melhor revogar o decreto inteiro e discutir no Congresso esse assunto --que, aliás, não tem nada de urgente.

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