Em meio ao barulho do cenário político, Bruno Covas subiu o tom de voz. O prefeito paulistano deixou a calmaria de lado e deu uma bronca no PSDB: ou o partido fica com ele ou com Aécio Neves.
A ameaça não só aumenta a temperatura dentro do ninho tucano como põe mais pressão no enrosco em que se meteu o hoje deputado federal por Minas Gerais —também ex-presidenciável, ex-governador e ex-senador.
O pedido de expulsão passou a circular há algum tempo. Aécio é acusado de corrução, o que pega muito mal na onda de moralização da política. Mesmo que isso seja ainda uma suspeita, ou seja, sem a palavra final da Justiça.
O que muda agora é o peso da nova voz de quem cobra uma atitude dos colegas.
Afinal de contas, Covas administra a maior e mais rica cidade do país. E, embora sua gestão possa ser considerada até aqui meio sem sal, a capital paulista costuma servir de trampolim para voos políticos mais ambiciosos.
A força da declaração também está no sobrenome. Mário Covas (1930-2001), seu avô, ajudou a fundar o partido em 1988. Numa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em abril deste ano, o neto deu mostras de querer sustentar o legado da família. Para ele, a tradição do PSDB é a dar mais atenção ao social.
O pensamento tem ainda outros significados. O hoje governador João Doria, de quem ele foi vice, planeja levar os tucanos para outro rumo, o centro.
Com isso, existe o indicativo de que Covas já esteja de olho em 2020, quando deverá tentar ficar na função, e queria se distanciar de seu ex-colega de trabalho, que deixou a prefeitura precocemente .
Perto de uma eleição complicada, o prefeito precisa mostrar quem é.
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