O texto da reforma da Previdência aprovado em primeiro turno pela Câmara prevê a mais ampla alteração já feita nas aposentadorias do país.
Há mais de 20 anos, em 1998, a proposta encaminhada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não passou por um voto --eram necessários 308, entre 513 deputados. Na época, o jeito foi criar um remendo, o fator previdenciário, para reduzir os benefícios de quem se aposenta mais cedo.
Em 2003, chegou a vez de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentar a sua reforma, que praticamente só mexia com os servidores públicos. Criou-se a contribuição dos inativos e ficou estabelecido que as aposentadorias do funcionalismo ficariam limitadas ao teto do INSS.
Esta última regra, porém, só começou a valer em 2013, depois que Dilma Rousseff regulamentou os fundos previdenciários do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Em 2016, a petista ainda tentou fazer uma mudança maior, valendo para todos os trabalhadores, mas a ideia morreu com o impeachment.
Naquele mesmo ano, Michel Temer (MDB) encaminhou a sua proposta, que não chegou ao plenário da Câmara. Depois do escândalo da conversa com o empresário Joesley Batista, o ex-presidente teve de usar sua força política para se segurar no Palácio do Planalto.
A conclusão dessa novela é que cinco presidentes muito diferentes tentaram mexer nas aposentadorias --incluindo Jair Bolsonaro (PSL), que era contra a medida nos tempos de deputado.
Dá para notar que há mesmo algo de errado na Previdência brasileira. Resta torcer, então, para que o texto de agora consiga resolver a situação distribuindo com justiça os sacrifícios.
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