Aconteceu o que se temia: a crise provocada pela alta do desmatamento da Amazônia virou notícia no mundo inteiro, manchou a imagem do país e pode até prejudicar a economia.
Não dá para avaliar agora o quanto o governo Jair Bolsonaro (PSL) é responsável pelo aumento das queimadas e outras formas de devastação, mas com certeza o presidente contribuiu para queimar o filme do Brasil lá fora.
Ele demitiu o chefe do instituto que apurou os primeiros números sobre a piora da situação; sem nenhuma base, disse que as ONGs poderiam estar tocando fogo nas florestas; também atacou países que reclamaram da política ambiental e cortaram grana para a Amazônia.
Para piorar, esvaziou órgãos de controle como o Ibama. O número de multas aplicadas por crimes contra a flora, por exemplo, caiu 23% no primeiro semestre de 2019, na comparação com a média dos últimos cinco anos.
Por essas e outras, o Brasil ficou de novo com a imagem de vilão do ambiente. Isso provoca tanto críticas bem fundamentadas como chiliques de celebridades, boatos e exageros. Nesse cenário, os interesses do país ficam ameaçados.
Governos como os da França e da Irlanda já ensaiam melar negociações comerciais entre a Europa e o Mercosul, que seriam boas para nossa agricultura (e ruins para os competidores de lá).
Esse vai ser o primeiro grande teste da política externa de Bolsonaro. Para conter a crise, a primeira providência do presidente deveria ser baixar a bola nas bravatas. O pronunciamento de sexta (23) foi uma boa iniciativa.
Também é preciso, claro, tomar as medidas para reverter os números negativos. Só conversa não vai adiantar.
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