Sequestro no Rio

Atiradores de elite mataram sequestrador que manteve reféns em ônibus

Ao que tudo indica, foi correta a ação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, nesta terça (20), ao encerrar o sequestro de um ônibus na ponte Rio-Niterói.

Ônibus onde homem armado fez 39 reféns na manhã desta terça-feira (20), na ponte Rio-Niterói - TV Globo/Reprodução

Atiradores de elite mataram o sequestrador, que manteve reféns o motorista e 38 passageiros por três horas e meia. Quatro mulheres e dois homens foram libertados na negociação, mas as outras vítimas ainda estavam sob ameaça.

Foi relatado que Willian Augusto da Silva, 20 anos, portava uma pistola, que, depois, soube-se que era de brinquedo. Ele carregava também uma faca, uma arma que dá choques e gasolina. A intenção seria incendiar o coletivo.

O caso lembrou o trágico episódio do ônibus 174, também ocorrido no Rio, em 2000, quando ação desastrada da PM resultou na morte de uma refém pelo sequestrador. O bandido, depois, acabou morto numa viatura. Os policiais que estavam no carro foram inocentados.

Desta vez, o desfecho traz alívio pela ausência de mortos e feridos entre os reféns. Já as autoridades desperdiçaram a chance de agir com mais equilíbrio.

Ainda com o sequestro em andamento, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu publicamente o uso de atiradores: ”Não tem que ter pena”. E o governador Wilson Witzel (PSC) chegou à ponte de helicóptero, do qual desceu comemorando como se tivesse marcado um gol.

O oportunismo político é óbvio. Ambos adotam um discurso linha-dura no combate ao crime, ainda que não haja evidências concretas de que isso funcione. 

Em um estado onde o número de mortos em ações policiais subiu 15% no primeiro semestre deste ano, é preciso ter um pouco de mais cautela e bom senso nas declarações. Afinal, nem toda morte se dá diante das câmeras de TV.

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