Só o tempo dirá

Doria prevê, até 2022, reduzir à metade a poluição do Pinheiros

Rodar pelas marginais Tietê e Pinheiros é lembrar da falta de capacidade dos últimos governos de São Paulo em pôr fim a um esgoto a céu aberto e devolver à capital rios que um dia já foram limpos e navegáveis.

Barco navega pelo rio Pinheiros (zona oeste de SP) - Danilo Verpa -12.jan.2017/Folhapress

O vexame se arrasta há décadas. Desde a gestão Fleury Filho (MDB), entre 1991 e 1994, os paulistas estão cansados de ouvir promessas de que seria possível nadar ou até mesmo beber daquelas águas. Os tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra também fizeram as suas tentativas —todas em vão.

Em 2011, por exemplo, depois de dez anos e R$ 249 milhões (em valores atuais) gastos, chegou-se à conclusão de que o tal método de flotação —quando junta-se a sujeira em flocos, na superfície, para depois removê-la— não funcionava. Cerca de R$ 3 bilhões já foram torrados com projetos desse tipo. 

Agora, o também tucano João Doria prevê, até 2022, reduzir à metade a poluição do Pinheiros. Lá se vai outra bolada: R$ 1,5 bilhão. A Sabesp contratará empresas que serão responsáveis por áreas específicas. Elas deverão conectar o esgoto a estações de tratamento.

Segundo a Sabesp, 500 mil imóveis lançam dejetos sem tratamento em córregos da bacia do Pinheiros. Espanta que, na cidade mais rica do país, 30% do esgoto não seja tratado.

A ideia de pagar as empresas contratadas pelo desempenho na despoluição, e não pelas obras construídas, parece correta. Outra proposta é usar pequenas estações de tratamento para os dejetos de regiões de ocupação irregular, que muitas vezes vão parar nos córregos.

Depois de tantas frustrações, não há como não desconfiar de mais essa promessa. Melhor aguardar até 2022.

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