Perigo nas estradas

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou na segunda-feira (12) mais uma medida irresponsável contra a segurança no trânsito brasileiro. Para reduzir a fiscalização eletrônica de velocidade nas rodovias federais, o presidente quer acabar com os radares móveis.

"A partir da semana que vem não teremos mais radares móveis no Brasil. Essa covardia, de ficar no 'descidão', de ficar no final do 'retão' alguém atrás do mato para multar vocês, não existirá mais", disse ele, que, por tabela, detonou o trabalho da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
 

Bolsonaro também já havia atacado os radares fixos. No início de abril, declarou que não renovaria os contratos para monitorar a velocidade nas estradas federais. A medida, porém, acabou barrada pela Justiça, e o governo fez um acordo com o Ministério Público para instalar 2.278 radares em trechos críticos.

O problema é que, no caso dos aparelhos móveis, não há vínculos contratuais: basta uma ordem do presidente para que a PRF interrompa a fiscalização.

O argumento de Bolsonaro é que existe uma "indústria da multa". Na verdade, aliviar o controle de velocidade é um erro na visão de especialistas e vai contra estatísticas de acidentes e mortes.

Nos trechos de rodovias federais com radares, por exemplo, a quantidade de mortes em acidentes caiu 21,7%, em média, após a instalação dos aparelhos. O resultado positivo é natural: o excesso de velocidade é a terceira causa de acidentes graves nessas estradas.

O número de mortos na rodovias do país é assustador (foram 37 mil em 2016), mas vem caindo nos últimos anos. Bolsonaro, no entanto, parece que não está preocupado com o risco de dar um cavalo de pau e reverter essa tendência.

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